sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O terrorista

Sexta-feira de manhã, dia 24 de dezembro, véspera de natal, tranquilamente o ouvinte da rádio Guaíba ajeita-se na cadeira, sorve o quente mate amargo até escutar o ronco vindo da cuia, avisando-lhe de que é chegada a hora de nova servida, quando, de repente, a calma e a tranquilidade são interrompidos pelo palpiteiro de plantão da rádio, chamado também de comentarista.

O “Alfred Hitchkoch dos pampas” constrói sua patacoada matinal, ou melhor, seu comentário, sobre os protestos na Itália. Para elucidar, o ouvinte já atento sobre as informações da terra do nonno ou do bisnonno, o intrépido comentarista pitaqueiro vuelve aos idos da Guerra Fria, quando, segundo ele, a Brigada Vermelha, organização terrorista, ameaçava a paz da buonna gente italiana. Mas, ainda segundo ele, com o fim da Guerra Fria, o comunismo acabou, acabou a Brigada Vermelha (sic). Então ta!

Aí ele comentou que depois o problema então era a Al Qaeda, outra organização terrorista que atormentava Berlusconi. E sem mais nem menos chegou nos anarquistas que espalham o terror pela Itália nesta semana.

Já com nó nas tripas e com o chimarrão descendo “quadrado” pelo esôfago, o ouvinte ainda teve que ouvir, que era melhor do que ser surdo no momento, a exigência do comentado comentarista de que seja adotada a mesma firmeza com os anarquistas que outrora foi tomada com a Brigada Vermelha e com a operação “Mãos Limpas” na Itália. Enfatizou no termo firmeza. Terrorismo full time, só que por parte do comentarista. Aliás, o único terrorismo neste caso todo é feito pelo próprio comentarista pitaqueiro.

Ou seja, quer varrer a força os manifestantes, assim como foi feito com os comunistas à época da Guerra Fria. Democrático, não? Deve ser mais um daqueles que clama por liberdade de imprensa no país que o Lula ditatorialmente governa até 31 de dezembro. Se não der um golpe e se perpetuar, como o Chávez.

Por trás das notícias, terrorismo.

Para os incrédulos: http://www.radioguaiba.com.br/Opiniao/?Blog=Jurandir Soares

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Defensor do indefensável

Há um dedilhador de teclados, um ajuntador de palavras do jornalismo da velha mídia brasileira que, incansável de sua labuta versada e conversada, de seu ofício, ou arte severa, destila diuturnamente sua desfaçatez, sua ímpia sabedoria, sobre os olhos de quem lê. Dentre tantos e tantas maniqueístas, mal informados, mal intencionados, portadores permanentes da má-fé, este, não por sua qualidade ou relevância, mas antes por sua insistência diária e perda total de qualquer escrúpulo, se destaca.

Defensor do indefensável, contradiz o que vociferou na postagem anterior, desvela o que escondeu outrora, conforme as circunstâncias e conforme lhe convém. Como tempero das manobras, gaba-se dono da verdade e de sua irretocável conduta jornalística. Auto-intitula-se mártir de uma sociedade vilipendiada pelos comunistas vermelhos, uma sociedade sob a égide comunista em que ele é o protagonista do Show de Truman, porém muito mais heróico, guerreiro da liberdade e servo da verdade e da humanidade.

Seu café da manhã é discorrer sobre a liberdade de imprensa e a falta dela no governo Lula. Arrisca-se inclusive a prever intenções petistas quanto à ela. E o cenário pintado pelo gastador de teclado é dos piores. Censura ideológica permanente da esquerda facínora e ditadora. De tão caricato chega a ser cômico. Porém de tanto que ele acredita nisto, pelo menos parece, chega a ser enjoativo. Defende a liberdade de imprensa, mesmo quando esta publica ficha falsa, quando publica mentiras, sob o pretexto de que a imprensa tem que investigar. Mas ataca o Wikileaks sem nenhuma ressalva. Ao contrário, chama Julian Assange de criminoso, acusa-o de vazar dados sem autorização e exige “cana” pro cara. Mesmo assim, quando as informações do Wikileaks são de que a Casa Branca afirma que Dilma organizou e planejou assaltos na época da ditadura, o defensor do indefensável publica, argumenta, fuça e regozija-se.

Para um mesmo fato, pode utilizar dois argumentos distintos e contraditórios. Depende da maré. Com a liberdade de imprensa é fatal. Todo dia a contradição matinal. Para atacar Lula, o PT e a esquerda, um argumento. Para defender a direita, outro. O apertador de letras pode e deve ter lado, ideologia, fazer a defesa da mesma. Só não pode resvalar a cada passada na própria borrada que atira ao solo.

Como a repugnância resultante de suas orgias argumentativas é inevitável, a conclusão é de que essa barbárie diária de desinformação e masturbação mental servem apenas para formar e direcionar a argumentação e disputa ideológica da elite econômica brasileira, leitora do misturador de letras. Fala a um pequeno grupo, cada vez mais acéfalo e distante da realidade política de ascensão social e distribuição de renda. Grupo que, condicionado como é, irá reverberar a podridão como se fosse verdade.

Não se deve dar “ibope” para um tipo desses. Nem citado seu nome merece ser. A receita médica é sempre deixar falando sozinho. Mas diante de tamanha patologia, o comentário é inevitável.

Hoje, em sua montoeira de asneiras capengas e parciais, também chamado de blog, publica com o peito estufado: Lula investiu menos do que FHC: 0,71% contra 0,83% do PIB. Os números são oficiais!

O publicador de inverdades se esqueceu apenas de publicar os números do PIB, já que utiliza porcentagem como base. Uma pena (ou não) que ele não entre aqui no blog, mas mesmo assim deixamos estes números para o digitador de meia pataca calcular e, posteriormente, corrigir seu equivoco, que com certeza não foi intencional (bem capaz).


Evolução do PIB brasileiro entre 1995 e 2009, em milhões de reais
















Por trás das notícias, rey defendendo o indefensável.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O viralatismo vassalo oportunista

Na última semana foi atribuída uma fala ao presidente Lula com o teor de que, Dilma Rousseff, como nova presidenta, teria a necessidade de comprar um novo avião presidencial, mais potente e com mais tecnologia. Para quem não lembra, Lula sofreu ataques constantes e diários quando trocou um avião presidencial que, além de inseguro, não era permitido pousar em diversos países, de tão obsoleto que era, por um mais moderno e, evidentemente, caro.

Claro que, com a fala de Lula, despencaram oportunistas e fornecedores de opinião mais que “chuchu na cerca”, como se diz. E dos dois lados. Tanto na defesa da compra, quanto no ataque automático e sistemático e cotidiano de tudo o que provém do planalto. Não pretendemos aqui, tecer arcabouços linguísticos, tampouco armadilhas ideológicas, utilizando o tema sem o devido conhecimento, sem o devido preparo e sem as devidas informações sobre as vantagens e desvantagens da compra, da necessidade ou não da mesma e do benefício ou não do investimento, sob pena de cair no oportunismo e utilitarismo de qualquer coisa como pauta.

Porém, o que nos instigamos a observar, com nossas limitações, e àquilo que nos propomos, analisar a mídia, é que trazemos a tona, do chorume, a mais submersa forma de jornalismo e de conduta profissional. Sem pauta, ou sem ideia e sem formulação necessária para as pautas colocadas, Rosane de Oliveira, colunista da RBS, discorre sobre a compra (como se já confirmada) do buliçoso aeroplano. O oportunismo fala por si só, já que sem dado algum sobre coisa alguma, sem informações sobre o atual avião nem sobre o possível novo avião, crava a opinião contrária à compra, veementemente. Utiliza a necessidade de investimentos em saúde e a possível volta da CPMF como sólido argumento para a desistência da possível compra.

Até aí nada de novo no front, já que o oportunismo servil ao status quo e ao baronato permeiam a atividade jornalística no mundo sirotiskiano, dos dois lados do Mampituba. Mas não bastando a frouxa raiz da argumentação, a colunista apela para a cereja do bolo argumentativa, a perninha do R do elaborado artigo, este digno apenas de ser colocado sobre o piso, a fim de coletar as necessidades caninas do mascote do assinante do diário ZH. Rosane crê que não é necessário um avião potente nem tecnologicamente avançado “para um presidente de qualquer país latino-americano”. Não fica nem vermelha ao descarregar este adubo vassalo para florear o sentimento menor, de segunda linha, de sub-cidadão, como se, parada no século XX, o Brasil fosse um país coadjuvante no cenário mundial. Afinal, para que um país latino-americano necessita de tamanho alcance se as decisões devem ser tomadas pelos iluminados? O que o latino, que com certeza possui menos neorônios e menor Q.I. do que os bem nascidos do resto do mundo (menos África, claro), pode desejar além de uma boa relação com os EUA, fiador do planeta?

Aviões potentes, alta tecnologia, conforto e eficiência não são para os latinos. Povo de segunda classe, terceiro-mundista, que não está sabendo o seu lugar. O que for bom, positivo, evolutivo, não deve servir aos latino-americanos.

Devem ter tido a mesma ideia também com alguns colunistas de jornal, mandando pra cá essas pérolas.

Por trás das notícias, viralatismo vassalo oportunista.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Rio 2011, humanizar ou sitiar?

O tema da violência no Rio de Janeiro há décadas vem se tornando constante, devido a todas as manifestações de diversas formas da mesma, seja policial, pelo tráfico, criminalidade e principalmente pela proporção que tomou ao longo deste período. A insustentável relação entre tráfico, que comanda a criminalidade carioca, comunidade e Estado, eclodiu na última semana devido a reação violenta dos criminosos ante as UPP (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nas comunidades.

O assunto, exaurido pela mídia, é pauta geral dos brasileiros, sejam do Rio ou não. E neste angu, começam a surgir as opiniões formadas, os formadores de opinião, os preceitos, os “solucionadores” de casos das redes de TV, etc. É triste o silêncio obsequioso que a esquerda faz em meio ao tiroteio. Nestes momentos que a esquerda precisa formar opinião, não pode ficar acuada, constrangida, eticamente abalada.

Polícia, forças armadas e repressão do Estado nas comunidades, não são o sonho de nenhum idealista. Porém a relação de medo, autoritarismo e opressão dos criminosos para com a comunidade, sustentadas pela força não pode passar batido, invisivelmente batido. Se o Estado oprime, e oprime, este possui suas leis, que mesmo falhas e parciais, dependendo quase que exclusivamente do bolso e da cor do indivíduo, a criminalidade possui as suas que, não possuem margem a questionamentos e são tão duras quanto a vontade de seu executor. A esquerda precisa entrar no debate e se posicionar, tanto para pautar as intervenções da polícia na comunidade, suas buscas e apreensões que, muitas, inúmeras vezes passam dos limites (nem todo morador de favela é bandido), como para nortear e disputar ideologicamente os rumos da operação na cabeça do brasileiro.

Analisando o DNA das babas que escorrem por estes dias das bocas de comentaristas da velha mídia e de alguns parlamentares alinhados com o verde oliva, podemos perceber o tom imprimido à discussão, no sentido de direcionar o eixo para um estado policial. Alarmante é parcela da população, contaminada pelo picadeiro midiático, sentada no sofá e vidrada na televisão, análoga a espectadores do combate dos gladiadores no coliseu, ansiando pela morte covarde, pelo sangue derramado inutilmente, pela vingança cega e desfocada descarregada sobre o pé-de-chinelo que se apresentar.

Estes aspectos, somados ao volume crescente da mídia, desaguará na pauta parlamentar de direita para o próximo período. Com certeza, por trás deste enfoque dado ao caso, está em qual será o encaminhamento da ocupação dos morros pela polícia. Em 2011, qual será a política de segurança e de ocupação das comunidades? A comunidade, ainda anestesiada pela intervenção não tem como perceber este jogo no momento. Cabe à esquerda fazer o debate da humanização nas comunidades, dos projetos e programas sociais transformadores, da inclusão, em confronto com o que deseja a direita do país: sitiar as comunidades, criando clima de pânico, caráter policial permanente, continuando a opressão sofrida pelos moradores, com o opressor apenas mudando de nome.

Que a esquerda fale, antes que seja tarde. Antes que a opinião pública tenha sido ganha pelo sentimento Capitão Nascimento. Antes que ao olhar para o tubo de imagens sobre a mesa da sala, com a figura de um pardo sob a mira de um cara fardado, a população torça: Mate! Mate! Mate!

domingo, 28 de novembro de 2010

A (de)formação do caráter

A formação do caráter de um povo, ou de uma determinada população, se dá através de inúmeros fatores, alguns mais salientes e evidentes, outros mais sensíveis e até imperceptíveis. No livro Raízes do Brasil, por exemplo, Sérgio Buarque de Holanda, seu autor, nos fornece uma gama de exemplos de como os modos, costumes e caráter português influenciou a formação cultural brasileira.

A partir daí, no dia-a-dia, nossa sociedade vai vestindo novas roupagens, tornando-se mais dinâmica e imediata com a tecnologia, mais liberal em alguns aspectos, enquanto em outros fica estagnada. Mas o fato é que através dessas nuances vai moldando o caráter do povo habitante destas terras.

As culturas política, esportiva, musical, dão ao cidadão e cidadã brasileiros sua cara, suas generalidades com que é visto por quem está de fora e com o que é identificado. Não é a toa que somos vistos através do samba, carnaval, futebol, alegria, etc. Um país litorâneo, com praias paradisíacas, até ontem subdesenvolvido.

Como se sabe, o futebol é o esporte mais praticado e difundido no Brasil. Chamado, inclusive, de paixão nacional. Por esdrúxulo que pareça, tem uma importante relevância na formação do caráter das pessoas. O jogo coletivo, onde sozinho não se chega a vitória, um esporte que o toque de bola entre os companheiros é essencial para chegar ao gol. O vigor, a energia que despende o atleta. A superação, a abnegação, a persistência para superar um adversário mais forte. Tudo isso que existe e é necessário no futebol existe e é necessário também na vida dos brasileiros. Assim como a levadinha com a mão sem o juiz perceber, o empurrão dentro da área no momento do escanteio, os dribles, a ginga, a malemolência.

Porém, vivemos momentos no futebol em que a derrocada da dignidade esportiva acentua-se a reboque do despudor da “prejudicação” alheia para fins meramente irônicos e invejosos ou apenas por vendeta.

Nas rodadas finais do campeonato o assunto primordial é quem entregará o jogo para quem. Quem conseguirá prejudicar o seu rival.

E o chocante são as torcidas, dedicadas, apaixonadas por seus clubes, capazes de viajar quilômetros atrás de seus clubes, torcendo contra si, para prejudicar outrem.

O gosto vicioso desta prática anti-desportiva e impune está se instalando na boca dos brasileiros. Sempre tão acostumados a torcer pela vitória, a olhar para frente, buscar o sonho... Agora pragmaticamente montando estratagemas e esquemas que impeçam o êxito de algum rival, mesmo que tenha que jogar contra o patrimônio.

Não, o torcedor não irá se satisfazer com a vitória do rival. Então que mude-se a fórmula, que volte como era antes, que se crie mecanismos impeditivos. Só não deixem este povo já tão sofrido e lutador, tão aviltado desde seu nascimento, mas mesmo assim tão criativo e perseverante entrar para o time do “torcer contra”, o time do rancor, o time que não evolui.

O brasileiro torce a favor, busca a vitória, supera. No futebol e na vida. Ou alguém acha que um não contamina o outro? O futebol e a vida. Que não tem nada de um misturado ao outro em nossa cultura? Ou alguém tem dúvidas de que a deformação de nosso futebol e dos valores esportivos não vai influir junto a tantos outros fatores contemporâneos para a deformação do nosso caráter?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

La brújula política

Ao contrário dos imparciais Folha de São Paulo, Zero Hora, RBS, Veja, Globo e toda a gama de veículos de comunicação idoneos desse país, este blog possui orientação ideológica e não poderia deixar de mencionar aos seus três ou quatro leitores.

E o faz por métodos científicos.

Está bem, falando sério, há um site na internet que, com algumas perguntas, situa políticamente o participante.

É bem legal e, apesar de ser em espanhol, não precisa ser nenhum portenho para responder as perguntas.

Este blog situou-se da seguinte maneira:

 


Faça o teste também: http://www.politicalcompass.org/es/questionnaire

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O momento histórico agora é outro, Tarso

Tarso Genro (PT) é, sem dúvida nenhuma, uma das figuras de maior expressão da política nacional. Tanto pelas passagens exitosas pelos espaços que ocupou e cargos que exerceu, quanto pelo reconhecimento acadêmico que possui. Tarso é um homem da política. A grande marca negativa de sua história foi ter disputado prévias com Olívio Dutra em 2002.

Este peso que Tarso possui, intensifica-se neste momento em que conquista o cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul. E Tarso quer, com certeza, potencializar sua influencia política e o reconhecimento de seu nome fazendo um ótimo trabalho enquanto governador.

Apenas uma vez o PT governou o RS, com Olívio Dutra. O presidente do Brasil era FHC. Este via o RS como inimigo, resistência. Estadualmente era um governo com certo apoio popular, mas desprovido de composições de ocasião que dessem sustentabilidade ao governo.

Porém, o maior rival do único governo de esquerda da história do Rio Grande, não era algum tradicional adversário do campo de siglas de centro-direita e direita. O grande adversário de Olívio, o perseguidor implacável, foi a RBS. A emissora e suas marionetes diariamente "fizeram das tripas coração" para desgastar o governo. E de certa maneira conseguiram. Desgastaram. E muito.

Deste governo, é certo que o PT, e não só o PT, tirou vários ensinamentos. Tanto das conquistas, dos avanços, que não foram poucos, como dos estremecimentos e da guerra midiática instalada no pago.

Porém, de 2002 pra cá, muita coisa mudou. Nesta lacuna temporal, existiu um governo Lula e a eleição de Dilma, que sofreu ataque de toda sujeira inimaginável que a direita e a mídia (olha ela aí de novo) poderíam e não poderíam se utilizar. 

Apesar da política hoje exigir de um governo mais composição, coalizão e a tal governabilidade, fazendo "vistas grossas" para aliados-adversários-de-outrora, temos a Rede Globo perdendo o poderio que tinha a 8 anos atrás. O momento histórico agora é outro. A credibilidade das notícias está abalada. A unilateralidade das informações sendo questionada. A acessibilidade digital expandindo-se.

Aqui no RS, apesar da correlação ser mais forte em favor da RBS, Tarso deve lutar para se libertar do grupo midiático dos Sirotski. Tratando-o a pão-de-ló, conseguirá tão somente realizar um desserviço a classe trabalhadora gaúcha. Dando exclusividade para a globinho dos pampas, conseguirá tão somente, fortalecer a fortaleza da direita no RS.

Tarso, com o PT, os aliados históricos, os movimentos sociais, com a classe trabalhadora, com Dilma como presidenta, certamente fará um ótimo governo no RS. Não precisará utilizar-se da retaguarda preconceituosa e atrasada da RBS. Até porque essa retaguarda quer é dar um chute na bunda do PT. O governo Tarso tem condições de iniciar sem esta "parceria" de última-primeira hora. Não necessita da RBS como linha auxiliar do governo. E antes que algum moderado brade sua retórica anti-vanguarda, pondere-se que , com estes argumentos não se está dizendo que rompa contato com a RBS como fez Olívio, nem que os tenha como inimigos declarados. Apenas que não se adoce o bico que é deveras utilizado para vomitar fascismos.

O momento pode não ser o de enfrentar, como bravamente fez Olívio. Mas também não é o de amamentar.

sábado, 23 de outubro de 2010

O baile dos desmascarados*

O Brasil, em sua recente democracia, chegou em 2010 vislumbrando uma eleição avançada nas bandeiras sociais, com debates em torno de desenvolvimento e distribuição de renda. Após 8 anos do governo Lula, esta eleição possuía todos os elementos para ser um marco na política nacional.
           
Entretanto, os frios números das pesquisas é que foram guias para as ações a serem tomadas pelas candidaturas, a despeito de todo o debate político necessário junto ao eleitorado. Entraram em cena o aborto, a religião na sua forma mais intolerante, bolinhas de papel, tomografias, acusações, meias-verdades, etc. Tudo que possa ludibriar o eleitor e desviar o foco do que realmente deveria ser determinante para a escolha de uma candidatura: a ideologia.
           
 Porém, em meio a esse teatro, algo de positivo surgiu. A imprensa, a mídia brasileira, explicitamente mostra seu lado nessa eleição. Não que o fato da imprensa ser parcial seja positivo, mas o que antes era velado, hoje torna-se público e notório para os eleitores, para os cidadãos, para qualquer um ver. Os primeiros veículos, e de maior alcance, de imprensa a posicionar-se foram a revista Carta Capital e o jornal O Estado de São Paulo, para Dilma e Serra respectivamente. E mesmo os que não têm coragem de, abertamente, posicionar-se, vêem as máscaras caindo-lhes da face e deixando a mostra para a sociedade toda a energia que estes impõem a favor de uma candidatura ou outra. Globo e Record, por exemplo. As duas maiores redes de televisão do Brasil perderam suas máscaras pela estrada e hoje o público já reconhece quem a primeira apóia e quem a outra apóia. O fato positivo de tudo isso é que o eleitor pode olhar para a televisão, ler uma revista ou um jornal e saber que a informação que está sendo transmitida tem lado e é dada a partir daquele juízo de valor e interesses.
           
Para nossa democracia avançar é importante que o cidadão possa julgar e exercer seu senso crítico. O cidadão não pode absorver uma notícia e creditar a ela toda sua fé, quando na verdade o que temos não é noticia e sim propaganda. Isso o move a buscar mais fontes, ou seja, mais informação, sob vários ângulos, várias matizes. É fundamental para Brasil conhecer, descobrir este alinhamento que, se não ideológico, pelo menos eleitoral, da imprensa. Se essa eleição não foi tudo aquilo que tinha potencial para ser, pelo menos em meio a tantos desserviços, presta um serviço: desmascarar as tão propaladas imparcialidades que nunca existiram.

*texto produzido para publicação no jornal Vale dos Sinos
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Evidentemente que tudo isso é muito mais. Mas daí não será publicado no jornal. Pelo menos a ideia central de que as máscaras estão caindo foi passada.

Tem muita coisa em jogo. A velha mídia comanda o país, tanto no "controle social da opinião", quanto o controle político, sempre amparada pelas raposas imundas que desaguam moeda nesses veículos. Estão agindo como se fosse a última eleição da história. Jogando tudo ou nada. Perceberam a derrota política que obtiveram na câmara e no senado e agora estão vendo a vaca ir pro brejo sem galocha.

Só que neste jogo imundo que estão impondo ao país não contavam com o efeito colateral do sistema. Pois é, ao desempenhar este papel(ão) vil e eleitoreiro, deixam o rabo de fora e mostram ao eleitor sua verdadeira face, ou nádega, no caso. Em meio a todos os desserviços da imprensa e da campanha dos tucanos, surgem as máscaras ao chão. O eleitor já sabe quem puxa para qual lado. Agora sabe que não há imparcialidade na mídia. Nem Globo, nem Folha, nem Estadão, nem Veja. Claro que falta muita RBS ainda nesta lista, mas aciona o alerta na cabeça do cidadão.

E o baile está apenas começando. Tem muita música pra banda tocar ainda para todos dançarem.

Só que desta vez desmascarados.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ei, Serra, tem um bode na sua sala

Ocorreu ontem a noite o debate dos presidenciáveis na Band. O 1º do segundo turno. O tucano, que desde o início da campanha acreditava que sua virada sairia dos debates, não agüentou o téte-a-téte. Dilma foi tudo aquilo que foi suplicado por este blog (Com medo de ser atropelado não se atravessa a rua).

Dilma foi pra cima. Sem ser virulenta. Na política. O tucano se perdeu.

Dilma levou o debate do aborto para o confronto. Elogiou a normativa que regulamenta o aborto para casos de estupro e risco de morte, que foi regulamentada por Serra, na época ministro. Só que levou o tucano para as cordas, como no boxe, e indagou ao neo aliado da TFP e Opus Dei: aborto é caso de saúde ou caso de polícia? E aí Serra, vai ser coerente e sensato ou vai morrer abraçado com a opus dei? Como se diria nos pagos do Rio Grande do Sul, Serra ficou embretado.

Dilma tratou de colocar os “pingos nos is” também na questão das privatizações. Fez o debate político da importância das estatais e fez também a comparação econômica que, com Lula, foi obtido maior lucro aumentando a participação do Brasil na Petrobras do que com a venda feita por FHC e Serra. Com seu “marca-touro”, Dilma colou na paleta do tucano toda a privataria neoliberal e libertina da década de 90.

Dilma falou dos ataques, calúnias e baixarias utilizadas pela campanha de Serra. Além de politizar o debate, confrontar projetos, Dilma deu ânimo aos eleitores. Sai ovacionada e ungida do debate. Serra sai tendo que se explicar. Principalmente sobre a privataria tucana. O bode que estava na sala do PT mudou de paragem. Ou melhor, o cabrito de Rosemary que estava nascendo na sala do PT, foi abortado. Já Serra, tem um enorme bode na sua sala. Um bode gordo e difícil de carregar. O bode da privatização. O bode que ele finge não ver.

Ei, Serra, tem um bode na sua sala!

domingo, 10 de outubro de 2010

Onda verde?

Desde o final do primeiro turno da eleição presidencial, com a subida nas pesquisas de Marina Silva (PV), os analistas detectavam o fenômeno chamado "onda verde".

Ok. O crescimento de Marina levou a eleição para o segundo turno.

Mas foi a onda verde ou a onda suja que levou a eleição para o segundo turno?

Reciclando o lixo

É interessante verificar nestas eleições o quanto temas que “assolam” o país em um momento, tornam-se banais poucos dias depois, conforme o sabor da conjuntura. Certa feita, a pauta era as quebras de sigilo de tucanos e da filha de Serra. A Revista Veja publicou matéria, seus articulistas melaram as teclas dos computadores com o veneno que lhes vertia dos dedos, versando sobre o uso da máquina pública, o direito ao sigilo e toda uma série de baboseiras encrustadas de jargões pra lá de ultrapassados e fedendo a mofo. Nada foi comprovado. Ou melhor, o que foi provado é que existe uma rede de vendas de informações já há muito tempo denunciada e investigada que nada tem a ver com o “totalitarismo petista”.

Mas para quê ficar nesse assunto? Já estava ficando chato isso todo dia na imprensa. Mudança de pauta. Claro, o desgaste já havia sido consumado mesmo.

Surge então a Erenice Guerra. Como se fosse o mal a ser extirpado do mundo. A corrupção em pessoa. Antes mesmo de qualquer investigação a velha mídia já atacava com suas feras amestradas para atacar tão somente o PT. Erenice saiu do governo para ser investigada. E a mídia noticiou que foi demitida. Mas esse assunto também estava ficando chato devido as marteladas matinais seguidas até a madrugada. E não estava rendendo. Nada mais se extraía dalí. Então joga-se ao vento a pauta e aquilo que revoltava apresentadores de telejornais e colunistas gabaritados(?) já nem é mais assunto.

Claro, quem quer saber de Erenice e Receita Federal se podemos falar do aborto, assunto tão importante para o povo brasileiro. Aí voltemos ao século passado ao invés de progredir no debate. Estranho que ao falar de aborto não se comente das inúmeras mortes todos os anos de mulheres em clínicas clandestinas, clínicas fundo-de-quintal, remédios extremamente fortes. Não. Voltemos ao século passado, guerra fria e: a comunista é a favor de que matem as criancinhas!

Mas o aborto, que puxou consigo uma série de penduricalhos religiosos, intolerantes e preconceituosos também já não “assola mais tanto assim”. Daqui a pouco já deve sair outra guloseima estragada do forno do inferno da velha mídia. E aí não se debate mais o aborto. Nunca mais. Ou até que seja conveniente novamente.

O “cidadão-de-bem-que-paga-seus-impostos”, ou seja, o cara da velha direitona lá que acha que ele é que alavanca o país, que gera emprego e tal, que se prepare para nova revolta ao reboque dos colunistas do PIG. Daqui a pouco sai a nova. Ou a nova-velha para ele ficar assolado e depois esquecer como a última.

Esta estratégia, além de ter o objetivo de desgastar Dilma e o PT, deve servir para Serra atrair os eleitores da “onda verde”. Sim. Reciclando esse monte de lixo podre a campanha inteira, só pode ser para sensibilizar os eco-marinistas-capitalistas de plantão.

E a velha mídia parceira preparando o fantoche bobalhão na frente da TV, em catarse, captando as mais tolas teorias conspiratórias com um molho pós-moderno para descer goela abaixo do Homer Simpson.

Por trás das notícias, jogo sujo.

sábado, 9 de outubro de 2010

As meninas e os canalhas

Retirado de http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/

por Jorge Furtado em 09 de outubro de 2010


No ano passado, em Recife, uma menina de 9 anos, grávida de gêmeos após abusos do padrasto, realizou o aborto legal. Na época, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou a excomunhão da garota, da mãe e dos médicos que atenderam a menina. O estuprador não foi excomungado.

José Serra, Indio da Costa e seus companheiros da imprensa demotucana tentam retomar o poder no Brasil, país que governaram por oito anos, antes de Lula. É difícil para a direita usar argumentos racionais, já que seu governo, que alterou a constituição em causa própria, manteve praticamente imóvel a desigualdade social, quebrou o país três vezes, provocou altas taxas de desemprego com índices de crescimento muito baixos e promoveu grossa - e nunca investigada - corrupção nos porões da privataria, terminou seu mandato com baixíssimo índice de aprovação popular.

A situação do Brasil hoje, depois de oito anos do governo petista, é outra: o país cresceu, distribuiu renda, gerou 15 milhões de empregos e incluiu no mercado consumidor mais de 30 milhões de brasileiros saídos da pobreza. As perspectivas são boas, com o petróleo do pré-sal trazendo ao país investimentos que geram empregos e com o governo aprovado por 80% dos brasileiros.

Portanto, sem poder falar de política ou do mundo racional, José Serra, Indio da Costa, alguns nazipastores, a direita e sua imprensa, apelam para o misticismo mais tacanho, tentando ganhar votos com argumentos religiosos.

No primeiros seis meses deste ano, 54.339 mulheres brasileiras foram hospitalizadas em decorrência de tentativas de interrupção de gravidez, abortos provocados. Os métodos mais utilizados são os medicamentos abortivos (falsificados, fabricados sem qualquer controle, vendidos em camelôs), além de chás caseiros e práticas estranhas, como "beber três goles de água e ficar pulando", até procedimentos altamente perigosos, como a introdução de agulhas e talos, ou a utilização de permanganato de potássio e de substâncias cáusticas. Todos os anos, 250 mulheres brasileiras morrem em decorrência de abortos provocados.

José Serra, Indio da Costa, os nazipastores e a imprensa demotucana acham que este assunto é bom para ganhar votos. A campanha petista prefere não manter este assunto na pauta, melhor falar de outra coisa.

Em nome das 100 mil brasileiras que, todos os anos, são submetidas a uma legislação absurda que quer mandar para a cadeia meninas em pânico com uma gravidez indesejada e que, por isso, agridem o próprio corpo com agulhas de tricô ou soda cáustica, declaro aqui que sou inteiramente a favor da descriminalização do aborto no Brasil.

Não sou - nem nunca fui - filiado a partido algum, não faço parte de qualquer campanha que não pode, portanto, ser responsabilizada por minha opinião.

Quanto aos canalhas oportunistas que, em sua cobiça de poder, se utilizam da saúde alheia e da religiosidade que até ontem desprezavam, espero que, se houver um inferno, sejam todos mandados para lá.

O aborto do Brasil

Desde o primeiro turno da eleição presidencial já se diagnosticava a tendência virulenta da oposição. Para quem assistiu aos programas de rádio das candidaturas, ficavam bem claras as intenções tucanas. A baixaria do programa de José Serra (PSDB) era explícita. Desde acusar Dilma sobre o mensalão, com o qual ela não teve relação alguma, ligação com Collor(?), com as FARC, até questionar a capacidade da concorrente, citando uma loja de R$1,99 em Porto Alegre que supostamente teria ido a falência sob a gestão de Dilma. Tudo isso, coincidentemente, utilizando um locutor com o mesmo timbre vocal e os mesmos problemas de dicção do presidente Lula. Na televisão, Serra era paz e amor. Deixava os ataques para os “jornais nacionais da vida”. Veja, Estadão e Folha de São Paulo encarregavam-se de dar as manchetes a serem veiculadas na TV.
Serra reuniu-se com generais, bradou contra as intenções do PT, ressuscitou o termo lacerdista da “república sindicalista”, expeliu a baba mais gosmenta de puro golpismo e rançosa da extrema direita. Veio então à tona o tema do aborto. Surpresa geral. Apenas para quem não estava acompanhando os movimentos da candidatura. Era o fundo do poço político, ideológico e democrático do Brasil. Com a pauta do aborto, vieram junto as intolerâncias religiosas, o preconceito contra as mulheres e todo o debate mais falso e perigoso para o Brasil que poderia acontecer.
Agora a eleição é de quem pisa menos em ovos. Quem é mais temente a Deus. É uma lástima que, em nossa já parca e recente democracia damos passos tão largos ao atraso, após passos minguantes de progresso.
Serra, você está fazendo o aborto mais violento já realizado na história brasileira. Você está abortando a política do debate político. Você está abortando qualquer consciência política nascente dessa eleição. Você está abortando um Brasil que está nascendo. Um Brasil que não é refém de ninguém. Um Brasil com “s”. Um Brasil alegre, sustentável, justo, social. Um Brasil em que o povo pode participar!

Com medo de ser atropelado não se atravessa a rua

Muito falou-se, principalmente na internet, sobre a suposta bala de prata da direita nesta eleição. Especulou-se que viria da Veja, na última hora, em que não se teria mais o horário eleitoral, sem tempo para responder, que viria da Folha de São Paulo, sobre igreja, sobre evangélicos, sobre as FARC, etc.
Durante semanas do primeiro turno este foi o assunto mais instigante e inquietante. A agonia se prolongava a cada capa da Veja, a cada edição do Jornal Nacional... Todos esperávamos ela com aflição. Todos! Até que surge a pauta do aborto ao final do primeiro turno. Com a ida da eleição para o segundo turno, já que os votos migraram para Marina(PV), evangélica, nove entre dez acusam a pauta do aborto como a “bala de prata” deste primeiro turno.
Mas aí é que está. Não teve bala de prata no primeiro turno. O que tivemos foi mais do mesmo. Ataques, ataques, ataques. Contra corrupção, o totalitarismo, o comunismo, o ateísmo... Nada de novo. Nada que o PT já não conheça. Nada que o Brasil já não conheça. A eleição só foi para o segundo turno porque o PT, com medo da tal bala de prata, não pôs a cara pra fora com medo de tomar um tiro. Assim, limitou sua candidata no discurso. Deixou o PIG pautar as respostas de Dilma, que só aparece na defensiva, respondendo acusações, enquanto Serra “nada de braçada”, como se diz por aqui.
A esquerda (e a direita também, é claro) está procurando agora a bala de prata do segundo turno. E ela pode vir. Mas também, como no primeiro turno, a direita pode não ter essa bala de prata. E não cabe ao PT ficar na defensiva, se escondendo da bala. O PT tem que se mostrar, mostrar seu governo, mostrar sua candidata. Fazer a comparação que realmente interessa, que é a dos governos tucanos e petistas. Falar das privatizações. Ir para cima! Até porque a bala de prata, que serve para matar monstros, lobisomens e vampiros, quem deve temer são eles.
À candidata do governo cabe sair de peito aberto na campanha midiática, pra cima, incisiva, que é o jeito que já deu pra perceber que ela é boa (o Agripino sabe disso). Ou então a esquerda vai ficar procurando buraco de bala em defunto que foi envenenado.

domingo, 5 de setembro de 2010

Segurança de Yeda, que cobrava propinas com carro do Palácio, violou dados sigilosos do PT

Retirado do http://rsurgente.opsblog.org/

Sep 4th, 2010 by Marco Aurélio Weissheimer.

Imaginem a seguinte situação: um segurança do presidente Lula é preso por cobrar propinas de empresários de máquinas caça-níqueis, usando carros oficiais do governo para fazer essas cobranças. Além disso, com uma senha especial, ele acessou dados sigilosos de adversários políticos do governo por meio de um sistema de consultas integradas do governo. O país estaria virado num inferno, não é mesmo?

Pois tudo isso está acontecendo no Rio Grande do Sul, com uma diferença. Um silêncio estrondoso e vergonhoso por parte da mídia. O promotor Amílcar Macedo confirmou neste sábado que o sargento César Rodrigues de Carvalho, que trabalhava na segurança da governadora Yeda Crusius (PSDB), no Palácio Piratini, acessou inúmeras vezes o Sistema de Consultas Integradas da Secretaria de Segurança para levantar dados sobre diretórios do Partido dos Trabalhadores (endereços, registros de veículos, nome de pessoas). O sargento, segundo o promotor, também acessou dados sigilosos de um ex-ministro de Estado (seria o ex-ministro da Justiça e atual candidato ao governo gaúcho, Tarso Genro) e de um senador da República. Segundo o promotor, o senador e o ministro não são do mesmo partido, o que indica que se trata ou do senador Pedro Simon (PMDB) ou do senador Sérgio Zambiasi (PTB).

O militar em questão, preso na sexta-feira, ao invés de uma punição, recebeu uma recompensa por parte do governo Yeda: ganhou uma FG 10, uma alta função gratificada, que pertencia a um coronel, transferido da Secretaria da Segurança para a Assembléia. O escândalo é ainda maior e pode envolver altos oficiais da Brigada Militar e alto(a)s funcionário(a)s do governo do Estado.

E o que dizem sobre isso as homepages dos dois principais jornais do Estado?

Rigorosamente nada.

O site do jornal Zero Hora exibe como manchete: “Coligação de Serra vai á Justiça por quebra de sigilo fiscal”.

E não traz nenhuma chamada para o caso do segurança de Yeda.

O site do Correio do Povo também não fala do assunto.

Os dois jornais seguem sem informar à população quanto receberam em publicidade do governo Yeda Crusius, em especial do Banrisul.

E se os dois principais jornais do Estado estão se comportando assim, o que esperar da imprensa do resto do país?

Com esse comportamento, a chamada grande imprensa reafirma que abandonou o jornalismo definitivamente. Há profissionais sérios e muito competentes nestes veículos. Se quiserem continuar a sê-lo, poderão ser obrigados a buscar novos caminhos. Aliás, não estarão perdendo nada. Muito pelo contrário.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Arrogância no pago

Se, as pesquisas para o senado no RS estiverem corretas (SE), com Ana Amélia Lemos (PP) no topo, Germano Riggoto (PMDB) em segundo e Paulo Paim (PT) em terceiro, deflagra-se um importante estudo a ser realizado no imaginário popular e no inconsciente coletivo gaudério.
O gaúcho vangloria-se de sua história, sempre permeada por bravura, com uma auto-suficiência bairrista, de protagonismo, grandeza, como se nada acima do gaúcho existisse. Senhor de sua própria história.
Porém as campanhas para o senado que obtém a preferência farroupilha são justamente as campanhas mais arrogantes, com propagandas que colocam a dependência e a dívida moral que gaúchos tem com seus “senhores”, deixando de ser eles próprios os donos da situação.
Ana Amélia, por exemplo, utiliza um mantra, quer dizer, jingle, que entoa que a gente precisa dela e é dela que a gente precisa, ôôô... Nas suas falas o tom não muda. Fala da política como coisa suja e, íntegra, vai transformar o senado em uma instituição séria, pois “conhece os caminhos do poder”. Explica ainda, aos seus súditos riograndenses, que não conhecem nada de nada, o quanto é experiente, mesmo não fazendo parte daquela sujeira, para representar a plebe ignara gaúcha.
Riggoto brada ao Rio Grande o quanto foi injustiçado e exige a retratação dos gaúchos. Estes, pelo visto, de cabeças baixas concordam com o grande líder.
Em 2006 era para eu ter sido eleito. Vocês cometeram um grave erro e não foram desculpados. Esta será sua última chance! “Meu coração não se engana mais”. Já se enganou uma vez. Vocês queriam tirar o PT e acabaram tirando a mim!
Faltou explicar Riggoto, que você também queria tirar o PT, e não fez nada para frear a Yeda. Pelo contrário: pau no Olívio. Só que menosprezou o Olívio e a militância petista e se equivocou na matemática.
Enquanto isso, Paim aprova projetos pelos aposentados. Luta pela PEC da juventude. Compra briga contra as “flexibilizações” trabalhistas que visam tirar direitos dos trabalhadores. Luta pelo aumento do salário mínimo. Pelo fim do fator previdenciário.
Mas este não serve. Os gaúchos, revolucionários de outrora, apelegaram-se e estão precisando de patrões, de senhores, de guias, pois esfarraparam-se suas fibras.
Mas pensando a fundo, os gaúchos estão corretos agindo assim. Com o caráter que tem o senado, o poder bicameral, o veto da elite, a representação burguesa afina-se mais com as opções arrogantes gaúchas.
Ótima receita para barrar a distribuição de renda, o desenvolvimento, as políticas sociais e a igualdade.
Mantenha-se a ordem, já se diria no pago...

sábado, 28 de agosto de 2010

Humor com fantoches

Outro bate-estaca da Globo na última semana foi a passeata dos humoristas pela revogação da lei que proíbe humor utilizando a imagem dos políticos a três meses da eleição.
Primeiro: a lei é de 1997, com algumas emendas e retoques nos anos seguintes. Foi aprovada no congresso pelos parlamentares.
Tanto na passeata, quanto nos noticiários, o que se viu foi uma batalha triunfante pela liberdade de expressão em nosso país cerceada pelo governo federal.
Por burrice ou má-fé, os fantoches, quer dizer, os humoristas omitiram tal detalhe. E por pura má-fé, só pode ser, os telejornais da Globo omitiram também. Quem assiste aos telejornais, tanto da Globo, quanto da Band, ouve todo dia o socorro pela liberdade de imprensa. Porém no mesmo telejornal, assiste às mais duras críticas ao governo, à candidata do governo, ao partido do governo.
Bradam contra a censura, pela liberdade de expressão, trabalhando em veículos que, em décadas passadas, foram os vetores da ditadura, da censura, da perseguição, da sustentação ao golpe. Nunca tiveram tanta liberdade para falar o que quiserem. Para satirizar o que quiserem. E é aí que devem ser revistas as leis. Liberdade, quando misturada com mau-caratismo, deve sofrer sanções.
A Globo partidariza suas opiniões, a Veja (Não leia a Veja!) publica inverdades, notícias pela metade, faz campanha, propagandeia, saem como defensoras do povo e imparciais. Então que assumam seu caráter político e parcial.
Para que(m) serve o humor aos candidatos, se não temos parcialidade nem nos noticiários? Para o Marcelo Madureira, do Casseta e Planeta, que é abertamente apoiador do Serra? Para ter mais uma vertente de ataques à A ou B, já que o pedante telejornal não atinge a todos?
Humor é ótimo, essencial, inclusive, o humor (inteligente) serve até para aprofundar os conhecimentos políticos da população. Serve até para politizar. Mas humor, não propaganda!

A Globo, a Receita e o segundo turno

É interessante ver como os telejornais da Globo, desde o que começa mais cedo, até o que termina já na madrugada, abordam e “reabordam” a suposta pesquisa feita pela Receita Federal em dados de tucanos. Uma notícia de outubro de 2009 que, como mágica, torna-se pauta principal em plena campanha eleitoral, no momento crucial em que Dilma chega nas pesquisas, pela primeira vez, a vitória no primeiro turno.
E já duram dias a cobertura feita pela emissora. E todo o dia, em vários horários, o presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra, vocifera em rede nacional como o PT usa a máquina, usurpa a república, etc. Isso tudo sem prova alguma, diga-se de passagem. E a Globo mostra Dilma, que tem que responder sobre uma suposta pesquisa, de 2009, da Receita Federal, sem nada apurado ainda, apenas pela vontade investigativa (?) da Rede Globo.
E quando a Receita Federal apura o acontecido e dá sua versão, de que existe uma quadrilha especializada em roubar dados de contribuintes, o Willian Waack enlouquece, diz que a resposta da Receita revolta, faz cara de brabo e chama o Heraldo Pereira. O PSDB, o Sérgio Guerra, a sociedade, o telespectador, a vó do Badanha, até o Willian Waack, todos tem o direito de acreditar ou não na versão da Receita, tem o direito de desconfiar ou não da versão, das intenções do PT, de Dilma. Agora, uma emissora de TV, que vive dizendo-se imparcial, não satisfeita em entoar como mantra uma notícia durante dias, colocando a notícia de forma vaga, deixando sempre coisas “no ar”, tomar para si o sentimento de indignação, querendo demonstrar ao telespectador que a verdade está com Sérgio Guerra...
Por trás das noticias, a velha mídia tentando levar a eleição para o segundo turno.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Acordo vago


Nesta semana, o presidente Lula aventurou-se nas temíveis terras iranianas para ter com o presidente do eixo do mal, Mahmud Ahmadinejad. Sob protestos de brasileiros acendendo velas contra àquele que nega o holocausto e que manda cortar a cabeça de seus opositores e sob o riso de canto de boca da imprensa majoritária brasileira, Lula tinha a última cartada para acordar o enriquecimento de urânio feito pelo Irã. Última cartada, porque os Estados Unidos, com todo seu poder, decretou esta como última chance do governo brasileiro de tentar algum acordo.
Ok, ok, Tio Sam. Última chance.
Lula, então no Irã, depara-se com a misteriosa ausência do presidente da Turquia no Irã, peça fundamental no acordo, já que a proposta de Lula consistia na entrega de urânio do Irã para a Turquia, onde seria feito o enriquecimento, e posteriormente devolvido ao Irã. Já que o Irã é do mal e pode querer se aproveitar e fazer uma bomba atômica e a Turquia é amiguinha, a Agência Internacional de Energia Atômica via esta como última saída para liberar os iranianos. Claro que a Agência via esta, como uma proposta não factível. Assim como os Estados Unidos, Europa e a imprensa majoritária brasileira.
Lula voltou os olhos do mundo ao Irã, demonstrando o esforço para o acordo, pressionando a Turquia a comparecer ao Irã, contra a vontade estadunidense, já temendo a astúcia do governo brasileiro. Quando a Turquia comparece à mesa, Obama embranquece, Hillary cruza os dedos e o centro de governo estadunidense se queda de joelhos rezando pra São Kennedy intervir. Então começam as negociações, tendo o Brasil como protagonista mundial de uma questão dita sem solução. E qual o resultado da negociação?
Justamente o que a Agência Internacional de Energia Atômica pedia. O Irã entrega o urânio para ser enriquecido na Turquia, que devolve para o Irã utilizar. Sem bomba atômica. Obama toma um lexotan, Hillary xinga o Bill e a Europa começa a fazer ligação internacional para perguntar: E agora?
E agora o Brasil conduziu um dos maiores acordos, de maior importância mundial, de envergadura que vai de tecnológica a bélica. E o presidente Lula costurou o acordo, mesmo contra a vontade dos Estados Unidos, que sempre afirmou categoricamente que o acordo não daria certo porque as intenções do Irã eram apenas construir a bomba atômica. E já que o acordo deu certo, já que Ahmadinejad não vai colocar suas mãos na tecnologia da bomba, é só comemorar.
Negativo. O governo estadunidense considera o acordo vago. E mesmo atendidas as exigências da Agência Internacional de Energia Atômica, seguem ameaçando com a imposição de sansões contra o Irã. Acordo vago? Vagas assim como a suspeita de bomba do Iraque?
E a Europa em coro repete a cantilena estadunidense. E a mídia majoritária brasileira se agarra no último fio podre de argumentação para não dar o devido valor ao esforço de Lula. E os manifestantes brasileiros contrários a Ahmadinejad, mas favoráveis ao estado assassino de Israel, favoráveis a Obama, a Hillary... Se Ahmadinejah é um problema, o Irã é um país que o Brasil tem relações. Se Ahmadinejad é um fascínora, não é do Brasil. Se Ahmadinejad nega o holocausto, aqui no Brasil Lula já disse o que o governo brasileiro pensa e não foi para discutir holocausto que Lula foi ao Irã. E se o Brasil é uma potência internacional graças ao governo Lula, tanto na economia como nas relações internacionais esta tarefa de paz apenas eleva o país e o coloca no foco do debate sobre a cadeira permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. E se Lula recebeu até o Bush...
A mídia rica brasileira coloca em suas manchetes que o mundo não está favorável ao acordo, mas alguns países importantes como a China, por exemplo, já estão se manifestando favoráveis e satisfeitas com o acordo que coloca definitivamente Lula como figura mundial central, de relevância ímpar e uma das mais influentes personalidades do planeta.
Por trás das notícias, abafa.