sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Defensor do indefensável

Há um dedilhador de teclados, um ajuntador de palavras do jornalismo da velha mídia brasileira que, incansável de sua labuta versada e conversada, de seu ofício, ou arte severa, destila diuturnamente sua desfaçatez, sua ímpia sabedoria, sobre os olhos de quem lê. Dentre tantos e tantas maniqueístas, mal informados, mal intencionados, portadores permanentes da má-fé, este, não por sua qualidade ou relevância, mas antes por sua insistência diária e perda total de qualquer escrúpulo, se destaca.

Defensor do indefensável, contradiz o que vociferou na postagem anterior, desvela o que escondeu outrora, conforme as circunstâncias e conforme lhe convém. Como tempero das manobras, gaba-se dono da verdade e de sua irretocável conduta jornalística. Auto-intitula-se mártir de uma sociedade vilipendiada pelos comunistas vermelhos, uma sociedade sob a égide comunista em que ele é o protagonista do Show de Truman, porém muito mais heróico, guerreiro da liberdade e servo da verdade e da humanidade.

Seu café da manhã é discorrer sobre a liberdade de imprensa e a falta dela no governo Lula. Arrisca-se inclusive a prever intenções petistas quanto à ela. E o cenário pintado pelo gastador de teclado é dos piores. Censura ideológica permanente da esquerda facínora e ditadora. De tão caricato chega a ser cômico. Porém de tanto que ele acredita nisto, pelo menos parece, chega a ser enjoativo. Defende a liberdade de imprensa, mesmo quando esta publica ficha falsa, quando publica mentiras, sob o pretexto de que a imprensa tem que investigar. Mas ataca o Wikileaks sem nenhuma ressalva. Ao contrário, chama Julian Assange de criminoso, acusa-o de vazar dados sem autorização e exige “cana” pro cara. Mesmo assim, quando as informações do Wikileaks são de que a Casa Branca afirma que Dilma organizou e planejou assaltos na época da ditadura, o defensor do indefensável publica, argumenta, fuça e regozija-se.

Para um mesmo fato, pode utilizar dois argumentos distintos e contraditórios. Depende da maré. Com a liberdade de imprensa é fatal. Todo dia a contradição matinal. Para atacar Lula, o PT e a esquerda, um argumento. Para defender a direita, outro. O apertador de letras pode e deve ter lado, ideologia, fazer a defesa da mesma. Só não pode resvalar a cada passada na própria borrada que atira ao solo.

Como a repugnância resultante de suas orgias argumentativas é inevitável, a conclusão é de que essa barbárie diária de desinformação e masturbação mental servem apenas para formar e direcionar a argumentação e disputa ideológica da elite econômica brasileira, leitora do misturador de letras. Fala a um pequeno grupo, cada vez mais acéfalo e distante da realidade política de ascensão social e distribuição de renda. Grupo que, condicionado como é, irá reverberar a podridão como se fosse verdade.

Não se deve dar “ibope” para um tipo desses. Nem citado seu nome merece ser. A receita médica é sempre deixar falando sozinho. Mas diante de tamanha patologia, o comentário é inevitável.

Hoje, em sua montoeira de asneiras capengas e parciais, também chamado de blog, publica com o peito estufado: Lula investiu menos do que FHC: 0,71% contra 0,83% do PIB. Os números são oficiais!

O publicador de inverdades se esqueceu apenas de publicar os números do PIB, já que utiliza porcentagem como base. Uma pena (ou não) que ele não entre aqui no blog, mas mesmo assim deixamos estes números para o digitador de meia pataca calcular e, posteriormente, corrigir seu equivoco, que com certeza não foi intencional (bem capaz).


Evolução do PIB brasileiro entre 1995 e 2009, em milhões de reais
















Por trás das notícias, rey defendendo o indefensável.

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