quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Arrogância no pago

Se, as pesquisas para o senado no RS estiverem corretas (SE), com Ana Amélia Lemos (PP) no topo, Germano Riggoto (PMDB) em segundo e Paulo Paim (PT) em terceiro, deflagra-se um importante estudo a ser realizado no imaginário popular e no inconsciente coletivo gaudério.
O gaúcho vangloria-se de sua história, sempre permeada por bravura, com uma auto-suficiência bairrista, de protagonismo, grandeza, como se nada acima do gaúcho existisse. Senhor de sua própria história.
Porém as campanhas para o senado que obtém a preferência farroupilha são justamente as campanhas mais arrogantes, com propagandas que colocam a dependência e a dívida moral que gaúchos tem com seus “senhores”, deixando de ser eles próprios os donos da situação.
Ana Amélia, por exemplo, utiliza um mantra, quer dizer, jingle, que entoa que a gente precisa dela e é dela que a gente precisa, ôôô... Nas suas falas o tom não muda. Fala da política como coisa suja e, íntegra, vai transformar o senado em uma instituição séria, pois “conhece os caminhos do poder”. Explica ainda, aos seus súditos riograndenses, que não conhecem nada de nada, o quanto é experiente, mesmo não fazendo parte daquela sujeira, para representar a plebe ignara gaúcha.
Riggoto brada ao Rio Grande o quanto foi injustiçado e exige a retratação dos gaúchos. Estes, pelo visto, de cabeças baixas concordam com o grande líder.
Em 2006 era para eu ter sido eleito. Vocês cometeram um grave erro e não foram desculpados. Esta será sua última chance! “Meu coração não se engana mais”. Já se enganou uma vez. Vocês queriam tirar o PT e acabaram tirando a mim!
Faltou explicar Riggoto, que você também queria tirar o PT, e não fez nada para frear a Yeda. Pelo contrário: pau no Olívio. Só que menosprezou o Olívio e a militância petista e se equivocou na matemática.
Enquanto isso, Paim aprova projetos pelos aposentados. Luta pela PEC da juventude. Compra briga contra as “flexibilizações” trabalhistas que visam tirar direitos dos trabalhadores. Luta pelo aumento do salário mínimo. Pelo fim do fator previdenciário.
Mas este não serve. Os gaúchos, revolucionários de outrora, apelegaram-se e estão precisando de patrões, de senhores, de guias, pois esfarraparam-se suas fibras.
Mas pensando a fundo, os gaúchos estão corretos agindo assim. Com o caráter que tem o senado, o poder bicameral, o veto da elite, a representação burguesa afina-se mais com as opções arrogantes gaúchas.
Ótima receita para barrar a distribuição de renda, o desenvolvimento, as políticas sociais e a igualdade.
Mantenha-se a ordem, já se diria no pago...

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