quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Os portais da transparência, as cascas de bananas e os transformistas


Os portais de transparência, como se não bastasse serem encontrados em uma das sete portas ao final de um labirinto, são corredores com luminosidade ora fraca, obscura, em que força a vista do viajante, ora incandescente em demasia, ofuscando a visão e, em um caso ou outro, obstruindo o objetivo da viajem, a análise dos números e das ações da observada.  Além disso, este corredor ora obscuro, ora cegamente claro, tem o assoalho liso e repleto de cascas de bananas, em que o viajante vai escorregando conforme vai seguindo em sua via sacra.
            O conteúdo encontrado pelo viajante é como transformistas, em que a pesada maquiagem esconde o rosto e suas linhas, a roupa modela um corpo diferente do que se vê, o salto dos sapatos muda a altura conforme o gosto do transformista e a peruca substitui os cabelos naturais, ou até a ausência dos mesmos, por madeixas reluzentes e de qualquer tonalidade desejada, com corte de sua preferência e com possibilidade de escolha se liso ou crespo ou ondulado ou o que a moda permitir. Lembra um transformista também porque não se vê que escondido, imperceptível e até amarrado, está um baita de um caralho, constrangedor ao transformista, preocupado em escondê-lo bem direitinho, pois ao contrário revelaria ao observador seu maior segredo.
            Contudo, o portal, ao contrário do transformista, não tem o direito nem a liberdade de ser o que bem entender. O portal não é um ser pensante, que usufrui sua liberdade, imaginação ou até força da natureza para ser o que lhe vier à mente. O portal é um prisioneiro, um mero reprodutor de números e fatos, trancafiado à dura e penosa realidade, por mais crua e pouco lúdica que seja. O portal tem por dever retratar, não pura e simplesmente alguns números soltos para que alguns contabilistas percebam o quão bem manipulada é aquela peça. O portal deve servir aos leigos. Até porque o termo transparência não deixa margem a interpretações. Transparência todos percebem. Transparência não exige pré-requisito. Transparência não tem casca de banana no chão. E nem caralho amarrado debaixo da saia.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A verdadeira impunidade

Vale a pena, literalmente, assistir com atenção estes depoimentos. A história que não pode ser esquecida. Pelo contrário, a história que deve ser lembrada e relembrada, contada e recontada, estudada nas escolas, pelos jovens e, principalmente, desvelada, desmascarada e feita a justiça.

Doentio! Desumano! 








Abertura dos arquivos da ditadura já!

E tem jornalão que além de ter ajudado a ditadura com informações, carros, etc, ainda diz que no Brasil houve "ditabranda", pois não foi tão dura. Não foi tão dura pra quem? Para quem ganhou com isso? Só pode, pois para quem foi sufocado pela opressão transbordam as marcas até hoje...

Muitos entusiastas e apoiadores dessa sujeira, dos verdadeiros serial killers, desta forma doentia de poder, bradam aos ventos que o Brasil é o país da impunidade, que bandido bom é bandido morto, blá blá blá.

Pois que comecem as punições!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O terrorista

Sexta-feira de manhã, dia 24 de dezembro, véspera de natal, tranquilamente o ouvinte da rádio Guaíba ajeita-se na cadeira, sorve o quente mate amargo até escutar o ronco vindo da cuia, avisando-lhe de que é chegada a hora de nova servida, quando, de repente, a calma e a tranquilidade são interrompidos pelo palpiteiro de plantão da rádio, chamado também de comentarista.

O “Alfred Hitchkoch dos pampas” constrói sua patacoada matinal, ou melhor, seu comentário, sobre os protestos na Itália. Para elucidar, o ouvinte já atento sobre as informações da terra do nonno ou do bisnonno, o intrépido comentarista pitaqueiro vuelve aos idos da Guerra Fria, quando, segundo ele, a Brigada Vermelha, organização terrorista, ameaçava a paz da buonna gente italiana. Mas, ainda segundo ele, com o fim da Guerra Fria, o comunismo acabou, acabou a Brigada Vermelha (sic). Então ta!

Aí ele comentou que depois o problema então era a Al Qaeda, outra organização terrorista que atormentava Berlusconi. E sem mais nem menos chegou nos anarquistas que espalham o terror pela Itália nesta semana.

Já com nó nas tripas e com o chimarrão descendo “quadrado” pelo esôfago, o ouvinte ainda teve que ouvir, que era melhor do que ser surdo no momento, a exigência do comentado comentarista de que seja adotada a mesma firmeza com os anarquistas que outrora foi tomada com a Brigada Vermelha e com a operação “Mãos Limpas” na Itália. Enfatizou no termo firmeza. Terrorismo full time, só que por parte do comentarista. Aliás, o único terrorismo neste caso todo é feito pelo próprio comentarista pitaqueiro.

Ou seja, quer varrer a força os manifestantes, assim como foi feito com os comunistas à época da Guerra Fria. Democrático, não? Deve ser mais um daqueles que clama por liberdade de imprensa no país que o Lula ditatorialmente governa até 31 de dezembro. Se não der um golpe e se perpetuar, como o Chávez.

Por trás das notícias, terrorismo.

Para os incrédulos: http://www.radioguaiba.com.br/Opiniao/?Blog=Jurandir Soares

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Defensor do indefensável

Há um dedilhador de teclados, um ajuntador de palavras do jornalismo da velha mídia brasileira que, incansável de sua labuta versada e conversada, de seu ofício, ou arte severa, destila diuturnamente sua desfaçatez, sua ímpia sabedoria, sobre os olhos de quem lê. Dentre tantos e tantas maniqueístas, mal informados, mal intencionados, portadores permanentes da má-fé, este, não por sua qualidade ou relevância, mas antes por sua insistência diária e perda total de qualquer escrúpulo, se destaca.

Defensor do indefensável, contradiz o que vociferou na postagem anterior, desvela o que escondeu outrora, conforme as circunstâncias e conforme lhe convém. Como tempero das manobras, gaba-se dono da verdade e de sua irretocável conduta jornalística. Auto-intitula-se mártir de uma sociedade vilipendiada pelos comunistas vermelhos, uma sociedade sob a égide comunista em que ele é o protagonista do Show de Truman, porém muito mais heróico, guerreiro da liberdade e servo da verdade e da humanidade.

Seu café da manhã é discorrer sobre a liberdade de imprensa e a falta dela no governo Lula. Arrisca-se inclusive a prever intenções petistas quanto à ela. E o cenário pintado pelo gastador de teclado é dos piores. Censura ideológica permanente da esquerda facínora e ditadora. De tão caricato chega a ser cômico. Porém de tanto que ele acredita nisto, pelo menos parece, chega a ser enjoativo. Defende a liberdade de imprensa, mesmo quando esta publica ficha falsa, quando publica mentiras, sob o pretexto de que a imprensa tem que investigar. Mas ataca o Wikileaks sem nenhuma ressalva. Ao contrário, chama Julian Assange de criminoso, acusa-o de vazar dados sem autorização e exige “cana” pro cara. Mesmo assim, quando as informações do Wikileaks são de que a Casa Branca afirma que Dilma organizou e planejou assaltos na época da ditadura, o defensor do indefensável publica, argumenta, fuça e regozija-se.

Para um mesmo fato, pode utilizar dois argumentos distintos e contraditórios. Depende da maré. Com a liberdade de imprensa é fatal. Todo dia a contradição matinal. Para atacar Lula, o PT e a esquerda, um argumento. Para defender a direita, outro. O apertador de letras pode e deve ter lado, ideologia, fazer a defesa da mesma. Só não pode resvalar a cada passada na própria borrada que atira ao solo.

Como a repugnância resultante de suas orgias argumentativas é inevitável, a conclusão é de que essa barbárie diária de desinformação e masturbação mental servem apenas para formar e direcionar a argumentação e disputa ideológica da elite econômica brasileira, leitora do misturador de letras. Fala a um pequeno grupo, cada vez mais acéfalo e distante da realidade política de ascensão social e distribuição de renda. Grupo que, condicionado como é, irá reverberar a podridão como se fosse verdade.

Não se deve dar “ibope” para um tipo desses. Nem citado seu nome merece ser. A receita médica é sempre deixar falando sozinho. Mas diante de tamanha patologia, o comentário é inevitável.

Hoje, em sua montoeira de asneiras capengas e parciais, também chamado de blog, publica com o peito estufado: Lula investiu menos do que FHC: 0,71% contra 0,83% do PIB. Os números são oficiais!

O publicador de inverdades se esqueceu apenas de publicar os números do PIB, já que utiliza porcentagem como base. Uma pena (ou não) que ele não entre aqui no blog, mas mesmo assim deixamos estes números para o digitador de meia pataca calcular e, posteriormente, corrigir seu equivoco, que com certeza não foi intencional (bem capaz).


Evolução do PIB brasileiro entre 1995 e 2009, em milhões de reais
















Por trás das notícias, rey defendendo o indefensável.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O viralatismo vassalo oportunista

Na última semana foi atribuída uma fala ao presidente Lula com o teor de que, Dilma Rousseff, como nova presidenta, teria a necessidade de comprar um novo avião presidencial, mais potente e com mais tecnologia. Para quem não lembra, Lula sofreu ataques constantes e diários quando trocou um avião presidencial que, além de inseguro, não era permitido pousar em diversos países, de tão obsoleto que era, por um mais moderno e, evidentemente, caro.

Claro que, com a fala de Lula, despencaram oportunistas e fornecedores de opinião mais que “chuchu na cerca”, como se diz. E dos dois lados. Tanto na defesa da compra, quanto no ataque automático e sistemático e cotidiano de tudo o que provém do planalto. Não pretendemos aqui, tecer arcabouços linguísticos, tampouco armadilhas ideológicas, utilizando o tema sem o devido conhecimento, sem o devido preparo e sem as devidas informações sobre as vantagens e desvantagens da compra, da necessidade ou não da mesma e do benefício ou não do investimento, sob pena de cair no oportunismo e utilitarismo de qualquer coisa como pauta.

Porém, o que nos instigamos a observar, com nossas limitações, e àquilo que nos propomos, analisar a mídia, é que trazemos a tona, do chorume, a mais submersa forma de jornalismo e de conduta profissional. Sem pauta, ou sem ideia e sem formulação necessária para as pautas colocadas, Rosane de Oliveira, colunista da RBS, discorre sobre a compra (como se já confirmada) do buliçoso aeroplano. O oportunismo fala por si só, já que sem dado algum sobre coisa alguma, sem informações sobre o atual avião nem sobre o possível novo avião, crava a opinião contrária à compra, veementemente. Utiliza a necessidade de investimentos em saúde e a possível volta da CPMF como sólido argumento para a desistência da possível compra.

Até aí nada de novo no front, já que o oportunismo servil ao status quo e ao baronato permeiam a atividade jornalística no mundo sirotiskiano, dos dois lados do Mampituba. Mas não bastando a frouxa raiz da argumentação, a colunista apela para a cereja do bolo argumentativa, a perninha do R do elaborado artigo, este digno apenas de ser colocado sobre o piso, a fim de coletar as necessidades caninas do mascote do assinante do diário ZH. Rosane crê que não é necessário um avião potente nem tecnologicamente avançado “para um presidente de qualquer país latino-americano”. Não fica nem vermelha ao descarregar este adubo vassalo para florear o sentimento menor, de segunda linha, de sub-cidadão, como se, parada no século XX, o Brasil fosse um país coadjuvante no cenário mundial. Afinal, para que um país latino-americano necessita de tamanho alcance se as decisões devem ser tomadas pelos iluminados? O que o latino, que com certeza possui menos neorônios e menor Q.I. do que os bem nascidos do resto do mundo (menos África, claro), pode desejar além de uma boa relação com os EUA, fiador do planeta?

Aviões potentes, alta tecnologia, conforto e eficiência não são para os latinos. Povo de segunda classe, terceiro-mundista, que não está sabendo o seu lugar. O que for bom, positivo, evolutivo, não deve servir aos latino-americanos.

Devem ter tido a mesma ideia também com alguns colunistas de jornal, mandando pra cá essas pérolas.

Por trás das notícias, viralatismo vassalo oportunista.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Rio 2011, humanizar ou sitiar?

O tema da violência no Rio de Janeiro há décadas vem se tornando constante, devido a todas as manifestações de diversas formas da mesma, seja policial, pelo tráfico, criminalidade e principalmente pela proporção que tomou ao longo deste período. A insustentável relação entre tráfico, que comanda a criminalidade carioca, comunidade e Estado, eclodiu na última semana devido a reação violenta dos criminosos ante as UPP (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nas comunidades.

O assunto, exaurido pela mídia, é pauta geral dos brasileiros, sejam do Rio ou não. E neste angu, começam a surgir as opiniões formadas, os formadores de opinião, os preceitos, os “solucionadores” de casos das redes de TV, etc. É triste o silêncio obsequioso que a esquerda faz em meio ao tiroteio. Nestes momentos que a esquerda precisa formar opinião, não pode ficar acuada, constrangida, eticamente abalada.

Polícia, forças armadas e repressão do Estado nas comunidades, não são o sonho de nenhum idealista. Porém a relação de medo, autoritarismo e opressão dos criminosos para com a comunidade, sustentadas pela força não pode passar batido, invisivelmente batido. Se o Estado oprime, e oprime, este possui suas leis, que mesmo falhas e parciais, dependendo quase que exclusivamente do bolso e da cor do indivíduo, a criminalidade possui as suas que, não possuem margem a questionamentos e são tão duras quanto a vontade de seu executor. A esquerda precisa entrar no debate e se posicionar, tanto para pautar as intervenções da polícia na comunidade, suas buscas e apreensões que, muitas, inúmeras vezes passam dos limites (nem todo morador de favela é bandido), como para nortear e disputar ideologicamente os rumos da operação na cabeça do brasileiro.

Analisando o DNA das babas que escorrem por estes dias das bocas de comentaristas da velha mídia e de alguns parlamentares alinhados com o verde oliva, podemos perceber o tom imprimido à discussão, no sentido de direcionar o eixo para um estado policial. Alarmante é parcela da população, contaminada pelo picadeiro midiático, sentada no sofá e vidrada na televisão, análoga a espectadores do combate dos gladiadores no coliseu, ansiando pela morte covarde, pelo sangue derramado inutilmente, pela vingança cega e desfocada descarregada sobre o pé-de-chinelo que se apresentar.

Estes aspectos, somados ao volume crescente da mídia, desaguará na pauta parlamentar de direita para o próximo período. Com certeza, por trás deste enfoque dado ao caso, está em qual será o encaminhamento da ocupação dos morros pela polícia. Em 2011, qual será a política de segurança e de ocupação das comunidades? A comunidade, ainda anestesiada pela intervenção não tem como perceber este jogo no momento. Cabe à esquerda fazer o debate da humanização nas comunidades, dos projetos e programas sociais transformadores, da inclusão, em confronto com o que deseja a direita do país: sitiar as comunidades, criando clima de pânico, caráter policial permanente, continuando a opressão sofrida pelos moradores, com o opressor apenas mudando de nome.

Que a esquerda fale, antes que seja tarde. Antes que a opinião pública tenha sido ganha pelo sentimento Capitão Nascimento. Antes que ao olhar para o tubo de imagens sobre a mesa da sala, com a figura de um pardo sob a mira de um cara fardado, a população torça: Mate! Mate! Mate!

domingo, 28 de novembro de 2010

A (de)formação do caráter

A formação do caráter de um povo, ou de uma determinada população, se dá através de inúmeros fatores, alguns mais salientes e evidentes, outros mais sensíveis e até imperceptíveis. No livro Raízes do Brasil, por exemplo, Sérgio Buarque de Holanda, seu autor, nos fornece uma gama de exemplos de como os modos, costumes e caráter português influenciou a formação cultural brasileira.

A partir daí, no dia-a-dia, nossa sociedade vai vestindo novas roupagens, tornando-se mais dinâmica e imediata com a tecnologia, mais liberal em alguns aspectos, enquanto em outros fica estagnada. Mas o fato é que através dessas nuances vai moldando o caráter do povo habitante destas terras.

As culturas política, esportiva, musical, dão ao cidadão e cidadã brasileiros sua cara, suas generalidades com que é visto por quem está de fora e com o que é identificado. Não é a toa que somos vistos através do samba, carnaval, futebol, alegria, etc. Um país litorâneo, com praias paradisíacas, até ontem subdesenvolvido.

Como se sabe, o futebol é o esporte mais praticado e difundido no Brasil. Chamado, inclusive, de paixão nacional. Por esdrúxulo que pareça, tem uma importante relevância na formação do caráter das pessoas. O jogo coletivo, onde sozinho não se chega a vitória, um esporte que o toque de bola entre os companheiros é essencial para chegar ao gol. O vigor, a energia que despende o atleta. A superação, a abnegação, a persistência para superar um adversário mais forte. Tudo isso que existe e é necessário no futebol existe e é necessário também na vida dos brasileiros. Assim como a levadinha com a mão sem o juiz perceber, o empurrão dentro da área no momento do escanteio, os dribles, a ginga, a malemolência.

Porém, vivemos momentos no futebol em que a derrocada da dignidade esportiva acentua-se a reboque do despudor da “prejudicação” alheia para fins meramente irônicos e invejosos ou apenas por vendeta.

Nas rodadas finais do campeonato o assunto primordial é quem entregará o jogo para quem. Quem conseguirá prejudicar o seu rival.

E o chocante são as torcidas, dedicadas, apaixonadas por seus clubes, capazes de viajar quilômetros atrás de seus clubes, torcendo contra si, para prejudicar outrem.

O gosto vicioso desta prática anti-desportiva e impune está se instalando na boca dos brasileiros. Sempre tão acostumados a torcer pela vitória, a olhar para frente, buscar o sonho... Agora pragmaticamente montando estratagemas e esquemas que impeçam o êxito de algum rival, mesmo que tenha que jogar contra o patrimônio.

Não, o torcedor não irá se satisfazer com a vitória do rival. Então que mude-se a fórmula, que volte como era antes, que se crie mecanismos impeditivos. Só não deixem este povo já tão sofrido e lutador, tão aviltado desde seu nascimento, mas mesmo assim tão criativo e perseverante entrar para o time do “torcer contra”, o time do rancor, o time que não evolui.

O brasileiro torce a favor, busca a vitória, supera. No futebol e na vida. Ou alguém acha que um não contamina o outro? O futebol e a vida. Que não tem nada de um misturado ao outro em nossa cultura? Ou alguém tem dúvidas de que a deformação de nosso futebol e dos valores esportivos não vai influir junto a tantos outros fatores contemporâneos para a deformação do nosso caráter?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

La brújula política

Ao contrário dos imparciais Folha de São Paulo, Zero Hora, RBS, Veja, Globo e toda a gama de veículos de comunicação idoneos desse país, este blog possui orientação ideológica e não poderia deixar de mencionar aos seus três ou quatro leitores.

E o faz por métodos científicos.

Está bem, falando sério, há um site na internet que, com algumas perguntas, situa políticamente o participante.

É bem legal e, apesar de ser em espanhol, não precisa ser nenhum portenho para responder as perguntas.

Este blog situou-se da seguinte maneira:

 


Faça o teste também: http://www.politicalcompass.org/es/questionnaire

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O momento histórico agora é outro, Tarso

Tarso Genro (PT) é, sem dúvida nenhuma, uma das figuras de maior expressão da política nacional. Tanto pelas passagens exitosas pelos espaços que ocupou e cargos que exerceu, quanto pelo reconhecimento acadêmico que possui. Tarso é um homem da política. A grande marca negativa de sua história foi ter disputado prévias com Olívio Dutra em 2002.

Este peso que Tarso possui, intensifica-se neste momento em que conquista o cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul. E Tarso quer, com certeza, potencializar sua influencia política e o reconhecimento de seu nome fazendo um ótimo trabalho enquanto governador.

Apenas uma vez o PT governou o RS, com Olívio Dutra. O presidente do Brasil era FHC. Este via o RS como inimigo, resistência. Estadualmente era um governo com certo apoio popular, mas desprovido de composições de ocasião que dessem sustentabilidade ao governo.

Porém, o maior rival do único governo de esquerda da história do Rio Grande, não era algum tradicional adversário do campo de siglas de centro-direita e direita. O grande adversário de Olívio, o perseguidor implacável, foi a RBS. A emissora e suas marionetes diariamente "fizeram das tripas coração" para desgastar o governo. E de certa maneira conseguiram. Desgastaram. E muito.

Deste governo, é certo que o PT, e não só o PT, tirou vários ensinamentos. Tanto das conquistas, dos avanços, que não foram poucos, como dos estremecimentos e da guerra midiática instalada no pago.

Porém, de 2002 pra cá, muita coisa mudou. Nesta lacuna temporal, existiu um governo Lula e a eleição de Dilma, que sofreu ataque de toda sujeira inimaginável que a direita e a mídia (olha ela aí de novo) poderíam e não poderíam se utilizar. 

Apesar da política hoje exigir de um governo mais composição, coalizão e a tal governabilidade, fazendo "vistas grossas" para aliados-adversários-de-outrora, temos a Rede Globo perdendo o poderio que tinha a 8 anos atrás. O momento histórico agora é outro. A credibilidade das notícias está abalada. A unilateralidade das informações sendo questionada. A acessibilidade digital expandindo-se.

Aqui no RS, apesar da correlação ser mais forte em favor da RBS, Tarso deve lutar para se libertar do grupo midiático dos Sirotski. Tratando-o a pão-de-ló, conseguirá tão somente realizar um desserviço a classe trabalhadora gaúcha. Dando exclusividade para a globinho dos pampas, conseguirá tão somente, fortalecer a fortaleza da direita no RS.

Tarso, com o PT, os aliados históricos, os movimentos sociais, com a classe trabalhadora, com Dilma como presidenta, certamente fará um ótimo governo no RS. Não precisará utilizar-se da retaguarda preconceituosa e atrasada da RBS. Até porque essa retaguarda quer é dar um chute na bunda do PT. O governo Tarso tem condições de iniciar sem esta "parceria" de última-primeira hora. Não necessita da RBS como linha auxiliar do governo. E antes que algum moderado brade sua retórica anti-vanguarda, pondere-se que , com estes argumentos não se está dizendo que rompa contato com a RBS como fez Olívio, nem que os tenha como inimigos declarados. Apenas que não se adoce o bico que é deveras utilizado para vomitar fascismos.

O momento pode não ser o de enfrentar, como bravamente fez Olívio. Mas também não é o de amamentar.

sábado, 23 de outubro de 2010

O baile dos desmascarados*

O Brasil, em sua recente democracia, chegou em 2010 vislumbrando uma eleição avançada nas bandeiras sociais, com debates em torno de desenvolvimento e distribuição de renda. Após 8 anos do governo Lula, esta eleição possuía todos os elementos para ser um marco na política nacional.
           
Entretanto, os frios números das pesquisas é que foram guias para as ações a serem tomadas pelas candidaturas, a despeito de todo o debate político necessário junto ao eleitorado. Entraram em cena o aborto, a religião na sua forma mais intolerante, bolinhas de papel, tomografias, acusações, meias-verdades, etc. Tudo que possa ludibriar o eleitor e desviar o foco do que realmente deveria ser determinante para a escolha de uma candidatura: a ideologia.
           
 Porém, em meio a esse teatro, algo de positivo surgiu. A imprensa, a mídia brasileira, explicitamente mostra seu lado nessa eleição. Não que o fato da imprensa ser parcial seja positivo, mas o que antes era velado, hoje torna-se público e notório para os eleitores, para os cidadãos, para qualquer um ver. Os primeiros veículos, e de maior alcance, de imprensa a posicionar-se foram a revista Carta Capital e o jornal O Estado de São Paulo, para Dilma e Serra respectivamente. E mesmo os que não têm coragem de, abertamente, posicionar-se, vêem as máscaras caindo-lhes da face e deixando a mostra para a sociedade toda a energia que estes impõem a favor de uma candidatura ou outra. Globo e Record, por exemplo. As duas maiores redes de televisão do Brasil perderam suas máscaras pela estrada e hoje o público já reconhece quem a primeira apóia e quem a outra apóia. O fato positivo de tudo isso é que o eleitor pode olhar para a televisão, ler uma revista ou um jornal e saber que a informação que está sendo transmitida tem lado e é dada a partir daquele juízo de valor e interesses.
           
Para nossa democracia avançar é importante que o cidadão possa julgar e exercer seu senso crítico. O cidadão não pode absorver uma notícia e creditar a ela toda sua fé, quando na verdade o que temos não é noticia e sim propaganda. Isso o move a buscar mais fontes, ou seja, mais informação, sob vários ângulos, várias matizes. É fundamental para Brasil conhecer, descobrir este alinhamento que, se não ideológico, pelo menos eleitoral, da imprensa. Se essa eleição não foi tudo aquilo que tinha potencial para ser, pelo menos em meio a tantos desserviços, presta um serviço: desmascarar as tão propaladas imparcialidades que nunca existiram.

*texto produzido para publicação no jornal Vale dos Sinos
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Evidentemente que tudo isso é muito mais. Mas daí não será publicado no jornal. Pelo menos a ideia central de que as máscaras estão caindo foi passada.

Tem muita coisa em jogo. A velha mídia comanda o país, tanto no "controle social da opinião", quanto o controle político, sempre amparada pelas raposas imundas que desaguam moeda nesses veículos. Estão agindo como se fosse a última eleição da história. Jogando tudo ou nada. Perceberam a derrota política que obtiveram na câmara e no senado e agora estão vendo a vaca ir pro brejo sem galocha.

Só que neste jogo imundo que estão impondo ao país não contavam com o efeito colateral do sistema. Pois é, ao desempenhar este papel(ão) vil e eleitoreiro, deixam o rabo de fora e mostram ao eleitor sua verdadeira face, ou nádega, no caso. Em meio a todos os desserviços da imprensa e da campanha dos tucanos, surgem as máscaras ao chão. O eleitor já sabe quem puxa para qual lado. Agora sabe que não há imparcialidade na mídia. Nem Globo, nem Folha, nem Estadão, nem Veja. Claro que falta muita RBS ainda nesta lista, mas aciona o alerta na cabeça do cidadão.

E o baile está apenas começando. Tem muita música pra banda tocar ainda para todos dançarem.

Só que desta vez desmascarados.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ei, Serra, tem um bode na sua sala

Ocorreu ontem a noite o debate dos presidenciáveis na Band. O 1º do segundo turno. O tucano, que desde o início da campanha acreditava que sua virada sairia dos debates, não agüentou o téte-a-téte. Dilma foi tudo aquilo que foi suplicado por este blog (Com medo de ser atropelado não se atravessa a rua).

Dilma foi pra cima. Sem ser virulenta. Na política. O tucano se perdeu.

Dilma levou o debate do aborto para o confronto. Elogiou a normativa que regulamenta o aborto para casos de estupro e risco de morte, que foi regulamentada por Serra, na época ministro. Só que levou o tucano para as cordas, como no boxe, e indagou ao neo aliado da TFP e Opus Dei: aborto é caso de saúde ou caso de polícia? E aí Serra, vai ser coerente e sensato ou vai morrer abraçado com a opus dei? Como se diria nos pagos do Rio Grande do Sul, Serra ficou embretado.

Dilma tratou de colocar os “pingos nos is” também na questão das privatizações. Fez o debate político da importância das estatais e fez também a comparação econômica que, com Lula, foi obtido maior lucro aumentando a participação do Brasil na Petrobras do que com a venda feita por FHC e Serra. Com seu “marca-touro”, Dilma colou na paleta do tucano toda a privataria neoliberal e libertina da década de 90.

Dilma falou dos ataques, calúnias e baixarias utilizadas pela campanha de Serra. Além de politizar o debate, confrontar projetos, Dilma deu ânimo aos eleitores. Sai ovacionada e ungida do debate. Serra sai tendo que se explicar. Principalmente sobre a privataria tucana. O bode que estava na sala do PT mudou de paragem. Ou melhor, o cabrito de Rosemary que estava nascendo na sala do PT, foi abortado. Já Serra, tem um enorme bode na sua sala. Um bode gordo e difícil de carregar. O bode da privatização. O bode que ele finge não ver.

Ei, Serra, tem um bode na sua sala!

domingo, 10 de outubro de 2010

Onda verde?

Desde o final do primeiro turno da eleição presidencial, com a subida nas pesquisas de Marina Silva (PV), os analistas detectavam o fenômeno chamado "onda verde".

Ok. O crescimento de Marina levou a eleição para o segundo turno.

Mas foi a onda verde ou a onda suja que levou a eleição para o segundo turno?

Reciclando o lixo

É interessante verificar nestas eleições o quanto temas que “assolam” o país em um momento, tornam-se banais poucos dias depois, conforme o sabor da conjuntura. Certa feita, a pauta era as quebras de sigilo de tucanos e da filha de Serra. A Revista Veja publicou matéria, seus articulistas melaram as teclas dos computadores com o veneno que lhes vertia dos dedos, versando sobre o uso da máquina pública, o direito ao sigilo e toda uma série de baboseiras encrustadas de jargões pra lá de ultrapassados e fedendo a mofo. Nada foi comprovado. Ou melhor, o que foi provado é que existe uma rede de vendas de informações já há muito tempo denunciada e investigada que nada tem a ver com o “totalitarismo petista”.

Mas para quê ficar nesse assunto? Já estava ficando chato isso todo dia na imprensa. Mudança de pauta. Claro, o desgaste já havia sido consumado mesmo.

Surge então a Erenice Guerra. Como se fosse o mal a ser extirpado do mundo. A corrupção em pessoa. Antes mesmo de qualquer investigação a velha mídia já atacava com suas feras amestradas para atacar tão somente o PT. Erenice saiu do governo para ser investigada. E a mídia noticiou que foi demitida. Mas esse assunto também estava ficando chato devido as marteladas matinais seguidas até a madrugada. E não estava rendendo. Nada mais se extraía dalí. Então joga-se ao vento a pauta e aquilo que revoltava apresentadores de telejornais e colunistas gabaritados(?) já nem é mais assunto.

Claro, quem quer saber de Erenice e Receita Federal se podemos falar do aborto, assunto tão importante para o povo brasileiro. Aí voltemos ao século passado ao invés de progredir no debate. Estranho que ao falar de aborto não se comente das inúmeras mortes todos os anos de mulheres em clínicas clandestinas, clínicas fundo-de-quintal, remédios extremamente fortes. Não. Voltemos ao século passado, guerra fria e: a comunista é a favor de que matem as criancinhas!

Mas o aborto, que puxou consigo uma série de penduricalhos religiosos, intolerantes e preconceituosos também já não “assola mais tanto assim”. Daqui a pouco já deve sair outra guloseima estragada do forno do inferno da velha mídia. E aí não se debate mais o aborto. Nunca mais. Ou até que seja conveniente novamente.

O “cidadão-de-bem-que-paga-seus-impostos”, ou seja, o cara da velha direitona lá que acha que ele é que alavanca o país, que gera emprego e tal, que se prepare para nova revolta ao reboque dos colunistas do PIG. Daqui a pouco sai a nova. Ou a nova-velha para ele ficar assolado e depois esquecer como a última.

Esta estratégia, além de ter o objetivo de desgastar Dilma e o PT, deve servir para Serra atrair os eleitores da “onda verde”. Sim. Reciclando esse monte de lixo podre a campanha inteira, só pode ser para sensibilizar os eco-marinistas-capitalistas de plantão.

E a velha mídia parceira preparando o fantoche bobalhão na frente da TV, em catarse, captando as mais tolas teorias conspiratórias com um molho pós-moderno para descer goela abaixo do Homer Simpson.

Por trás das notícias, jogo sujo.

sábado, 9 de outubro de 2010

As meninas e os canalhas

Retirado de http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/

por Jorge Furtado em 09 de outubro de 2010


No ano passado, em Recife, uma menina de 9 anos, grávida de gêmeos após abusos do padrasto, realizou o aborto legal. Na época, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou a excomunhão da garota, da mãe e dos médicos que atenderam a menina. O estuprador não foi excomungado.

José Serra, Indio da Costa e seus companheiros da imprensa demotucana tentam retomar o poder no Brasil, país que governaram por oito anos, antes de Lula. É difícil para a direita usar argumentos racionais, já que seu governo, que alterou a constituição em causa própria, manteve praticamente imóvel a desigualdade social, quebrou o país três vezes, provocou altas taxas de desemprego com índices de crescimento muito baixos e promoveu grossa - e nunca investigada - corrupção nos porões da privataria, terminou seu mandato com baixíssimo índice de aprovação popular.

A situação do Brasil hoje, depois de oito anos do governo petista, é outra: o país cresceu, distribuiu renda, gerou 15 milhões de empregos e incluiu no mercado consumidor mais de 30 milhões de brasileiros saídos da pobreza. As perspectivas são boas, com o petróleo do pré-sal trazendo ao país investimentos que geram empregos e com o governo aprovado por 80% dos brasileiros.

Portanto, sem poder falar de política ou do mundo racional, José Serra, Indio da Costa, alguns nazipastores, a direita e sua imprensa, apelam para o misticismo mais tacanho, tentando ganhar votos com argumentos religiosos.

No primeiros seis meses deste ano, 54.339 mulheres brasileiras foram hospitalizadas em decorrência de tentativas de interrupção de gravidez, abortos provocados. Os métodos mais utilizados são os medicamentos abortivos (falsificados, fabricados sem qualquer controle, vendidos em camelôs), além de chás caseiros e práticas estranhas, como "beber três goles de água e ficar pulando", até procedimentos altamente perigosos, como a introdução de agulhas e talos, ou a utilização de permanganato de potássio e de substâncias cáusticas. Todos os anos, 250 mulheres brasileiras morrem em decorrência de abortos provocados.

José Serra, Indio da Costa, os nazipastores e a imprensa demotucana acham que este assunto é bom para ganhar votos. A campanha petista prefere não manter este assunto na pauta, melhor falar de outra coisa.

Em nome das 100 mil brasileiras que, todos os anos, são submetidas a uma legislação absurda que quer mandar para a cadeia meninas em pânico com uma gravidez indesejada e que, por isso, agridem o próprio corpo com agulhas de tricô ou soda cáustica, declaro aqui que sou inteiramente a favor da descriminalização do aborto no Brasil.

Não sou - nem nunca fui - filiado a partido algum, não faço parte de qualquer campanha que não pode, portanto, ser responsabilizada por minha opinião.

Quanto aos canalhas oportunistas que, em sua cobiça de poder, se utilizam da saúde alheia e da religiosidade que até ontem desprezavam, espero que, se houver um inferno, sejam todos mandados para lá.

O aborto do Brasil

Desde o primeiro turno da eleição presidencial já se diagnosticava a tendência virulenta da oposição. Para quem assistiu aos programas de rádio das candidaturas, ficavam bem claras as intenções tucanas. A baixaria do programa de José Serra (PSDB) era explícita. Desde acusar Dilma sobre o mensalão, com o qual ela não teve relação alguma, ligação com Collor(?), com as FARC, até questionar a capacidade da concorrente, citando uma loja de R$1,99 em Porto Alegre que supostamente teria ido a falência sob a gestão de Dilma. Tudo isso, coincidentemente, utilizando um locutor com o mesmo timbre vocal e os mesmos problemas de dicção do presidente Lula. Na televisão, Serra era paz e amor. Deixava os ataques para os “jornais nacionais da vida”. Veja, Estadão e Folha de São Paulo encarregavam-se de dar as manchetes a serem veiculadas na TV.
Serra reuniu-se com generais, bradou contra as intenções do PT, ressuscitou o termo lacerdista da “república sindicalista”, expeliu a baba mais gosmenta de puro golpismo e rançosa da extrema direita. Veio então à tona o tema do aborto. Surpresa geral. Apenas para quem não estava acompanhando os movimentos da candidatura. Era o fundo do poço político, ideológico e democrático do Brasil. Com a pauta do aborto, vieram junto as intolerâncias religiosas, o preconceito contra as mulheres e todo o debate mais falso e perigoso para o Brasil que poderia acontecer.
Agora a eleição é de quem pisa menos em ovos. Quem é mais temente a Deus. É uma lástima que, em nossa já parca e recente democracia damos passos tão largos ao atraso, após passos minguantes de progresso.
Serra, você está fazendo o aborto mais violento já realizado na história brasileira. Você está abortando a política do debate político. Você está abortando qualquer consciência política nascente dessa eleição. Você está abortando um Brasil que está nascendo. Um Brasil que não é refém de ninguém. Um Brasil com “s”. Um Brasil alegre, sustentável, justo, social. Um Brasil em que o povo pode participar!