domingo, 10 de outubro de 2010

Reciclando o lixo

É interessante verificar nestas eleições o quanto temas que “assolam” o país em um momento, tornam-se banais poucos dias depois, conforme o sabor da conjuntura. Certa feita, a pauta era as quebras de sigilo de tucanos e da filha de Serra. A Revista Veja publicou matéria, seus articulistas melaram as teclas dos computadores com o veneno que lhes vertia dos dedos, versando sobre o uso da máquina pública, o direito ao sigilo e toda uma série de baboseiras encrustadas de jargões pra lá de ultrapassados e fedendo a mofo. Nada foi comprovado. Ou melhor, o que foi provado é que existe uma rede de vendas de informações já há muito tempo denunciada e investigada que nada tem a ver com o “totalitarismo petista”.

Mas para quê ficar nesse assunto? Já estava ficando chato isso todo dia na imprensa. Mudança de pauta. Claro, o desgaste já havia sido consumado mesmo.

Surge então a Erenice Guerra. Como se fosse o mal a ser extirpado do mundo. A corrupção em pessoa. Antes mesmo de qualquer investigação a velha mídia já atacava com suas feras amestradas para atacar tão somente o PT. Erenice saiu do governo para ser investigada. E a mídia noticiou que foi demitida. Mas esse assunto também estava ficando chato devido as marteladas matinais seguidas até a madrugada. E não estava rendendo. Nada mais se extraía dalí. Então joga-se ao vento a pauta e aquilo que revoltava apresentadores de telejornais e colunistas gabaritados(?) já nem é mais assunto.

Claro, quem quer saber de Erenice e Receita Federal se podemos falar do aborto, assunto tão importante para o povo brasileiro. Aí voltemos ao século passado ao invés de progredir no debate. Estranho que ao falar de aborto não se comente das inúmeras mortes todos os anos de mulheres em clínicas clandestinas, clínicas fundo-de-quintal, remédios extremamente fortes. Não. Voltemos ao século passado, guerra fria e: a comunista é a favor de que matem as criancinhas!

Mas o aborto, que puxou consigo uma série de penduricalhos religiosos, intolerantes e preconceituosos também já não “assola mais tanto assim”. Daqui a pouco já deve sair outra guloseima estragada do forno do inferno da velha mídia. E aí não se debate mais o aborto. Nunca mais. Ou até que seja conveniente novamente.

O “cidadão-de-bem-que-paga-seus-impostos”, ou seja, o cara da velha direitona lá que acha que ele é que alavanca o país, que gera emprego e tal, que se prepare para nova revolta ao reboque dos colunistas do PIG. Daqui a pouco sai a nova. Ou a nova-velha para ele ficar assolado e depois esquecer como a última.

Esta estratégia, além de ter o objetivo de desgastar Dilma e o PT, deve servir para Serra atrair os eleitores da “onda verde”. Sim. Reciclando esse monte de lixo podre a campanha inteira, só pode ser para sensibilizar os eco-marinistas-capitalistas de plantão.

E a velha mídia parceira preparando o fantoche bobalhão na frente da TV, em catarse, captando as mais tolas teorias conspiratórias com um molho pós-moderno para descer goela abaixo do Homer Simpson.

Por trás das notícias, jogo sujo.

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