sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O terrorista

Sexta-feira de manhã, dia 24 de dezembro, véspera de natal, tranquilamente o ouvinte da rádio Guaíba ajeita-se na cadeira, sorve o quente mate amargo até escutar o ronco vindo da cuia, avisando-lhe de que é chegada a hora de nova servida, quando, de repente, a calma e a tranquilidade são interrompidos pelo palpiteiro de plantão da rádio, chamado também de comentarista.

O “Alfred Hitchkoch dos pampas” constrói sua patacoada matinal, ou melhor, seu comentário, sobre os protestos na Itália. Para elucidar, o ouvinte já atento sobre as informações da terra do nonno ou do bisnonno, o intrépido comentarista pitaqueiro vuelve aos idos da Guerra Fria, quando, segundo ele, a Brigada Vermelha, organização terrorista, ameaçava a paz da buonna gente italiana. Mas, ainda segundo ele, com o fim da Guerra Fria, o comunismo acabou, acabou a Brigada Vermelha (sic). Então ta!

Aí ele comentou que depois o problema então era a Al Qaeda, outra organização terrorista que atormentava Berlusconi. E sem mais nem menos chegou nos anarquistas que espalham o terror pela Itália nesta semana.

Já com nó nas tripas e com o chimarrão descendo “quadrado” pelo esôfago, o ouvinte ainda teve que ouvir, que era melhor do que ser surdo no momento, a exigência do comentado comentarista de que seja adotada a mesma firmeza com os anarquistas que outrora foi tomada com a Brigada Vermelha e com a operação “Mãos Limpas” na Itália. Enfatizou no termo firmeza. Terrorismo full time, só que por parte do comentarista. Aliás, o único terrorismo neste caso todo é feito pelo próprio comentarista pitaqueiro.

Ou seja, quer varrer a força os manifestantes, assim como foi feito com os comunistas à época da Guerra Fria. Democrático, não? Deve ser mais um daqueles que clama por liberdade de imprensa no país que o Lula ditatorialmente governa até 31 de dezembro. Se não der um golpe e se perpetuar, como o Chávez.

Por trás das notícias, terrorismo.

Para os incrédulos: http://www.radioguaiba.com.br/Opiniao/?Blog=Jurandir Soares

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Defensor do indefensável

Há um dedilhador de teclados, um ajuntador de palavras do jornalismo da velha mídia brasileira que, incansável de sua labuta versada e conversada, de seu ofício, ou arte severa, destila diuturnamente sua desfaçatez, sua ímpia sabedoria, sobre os olhos de quem lê. Dentre tantos e tantas maniqueístas, mal informados, mal intencionados, portadores permanentes da má-fé, este, não por sua qualidade ou relevância, mas antes por sua insistência diária e perda total de qualquer escrúpulo, se destaca.

Defensor do indefensável, contradiz o que vociferou na postagem anterior, desvela o que escondeu outrora, conforme as circunstâncias e conforme lhe convém. Como tempero das manobras, gaba-se dono da verdade e de sua irretocável conduta jornalística. Auto-intitula-se mártir de uma sociedade vilipendiada pelos comunistas vermelhos, uma sociedade sob a égide comunista em que ele é o protagonista do Show de Truman, porém muito mais heróico, guerreiro da liberdade e servo da verdade e da humanidade.

Seu café da manhã é discorrer sobre a liberdade de imprensa e a falta dela no governo Lula. Arrisca-se inclusive a prever intenções petistas quanto à ela. E o cenário pintado pelo gastador de teclado é dos piores. Censura ideológica permanente da esquerda facínora e ditadora. De tão caricato chega a ser cômico. Porém de tanto que ele acredita nisto, pelo menos parece, chega a ser enjoativo. Defende a liberdade de imprensa, mesmo quando esta publica ficha falsa, quando publica mentiras, sob o pretexto de que a imprensa tem que investigar. Mas ataca o Wikileaks sem nenhuma ressalva. Ao contrário, chama Julian Assange de criminoso, acusa-o de vazar dados sem autorização e exige “cana” pro cara. Mesmo assim, quando as informações do Wikileaks são de que a Casa Branca afirma que Dilma organizou e planejou assaltos na época da ditadura, o defensor do indefensável publica, argumenta, fuça e regozija-se.

Para um mesmo fato, pode utilizar dois argumentos distintos e contraditórios. Depende da maré. Com a liberdade de imprensa é fatal. Todo dia a contradição matinal. Para atacar Lula, o PT e a esquerda, um argumento. Para defender a direita, outro. O apertador de letras pode e deve ter lado, ideologia, fazer a defesa da mesma. Só não pode resvalar a cada passada na própria borrada que atira ao solo.

Como a repugnância resultante de suas orgias argumentativas é inevitável, a conclusão é de que essa barbárie diária de desinformação e masturbação mental servem apenas para formar e direcionar a argumentação e disputa ideológica da elite econômica brasileira, leitora do misturador de letras. Fala a um pequeno grupo, cada vez mais acéfalo e distante da realidade política de ascensão social e distribuição de renda. Grupo que, condicionado como é, irá reverberar a podridão como se fosse verdade.

Não se deve dar “ibope” para um tipo desses. Nem citado seu nome merece ser. A receita médica é sempre deixar falando sozinho. Mas diante de tamanha patologia, o comentário é inevitável.

Hoje, em sua montoeira de asneiras capengas e parciais, também chamado de blog, publica com o peito estufado: Lula investiu menos do que FHC: 0,71% contra 0,83% do PIB. Os números são oficiais!

O publicador de inverdades se esqueceu apenas de publicar os números do PIB, já que utiliza porcentagem como base. Uma pena (ou não) que ele não entre aqui no blog, mas mesmo assim deixamos estes números para o digitador de meia pataca calcular e, posteriormente, corrigir seu equivoco, que com certeza não foi intencional (bem capaz).


Evolução do PIB brasileiro entre 1995 e 2009, em milhões de reais
















Por trás das notícias, rey defendendo o indefensável.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O viralatismo vassalo oportunista

Na última semana foi atribuída uma fala ao presidente Lula com o teor de que, Dilma Rousseff, como nova presidenta, teria a necessidade de comprar um novo avião presidencial, mais potente e com mais tecnologia. Para quem não lembra, Lula sofreu ataques constantes e diários quando trocou um avião presidencial que, além de inseguro, não era permitido pousar em diversos países, de tão obsoleto que era, por um mais moderno e, evidentemente, caro.

Claro que, com a fala de Lula, despencaram oportunistas e fornecedores de opinião mais que “chuchu na cerca”, como se diz. E dos dois lados. Tanto na defesa da compra, quanto no ataque automático e sistemático e cotidiano de tudo o que provém do planalto. Não pretendemos aqui, tecer arcabouços linguísticos, tampouco armadilhas ideológicas, utilizando o tema sem o devido conhecimento, sem o devido preparo e sem as devidas informações sobre as vantagens e desvantagens da compra, da necessidade ou não da mesma e do benefício ou não do investimento, sob pena de cair no oportunismo e utilitarismo de qualquer coisa como pauta.

Porém, o que nos instigamos a observar, com nossas limitações, e àquilo que nos propomos, analisar a mídia, é que trazemos a tona, do chorume, a mais submersa forma de jornalismo e de conduta profissional. Sem pauta, ou sem ideia e sem formulação necessária para as pautas colocadas, Rosane de Oliveira, colunista da RBS, discorre sobre a compra (como se já confirmada) do buliçoso aeroplano. O oportunismo fala por si só, já que sem dado algum sobre coisa alguma, sem informações sobre o atual avião nem sobre o possível novo avião, crava a opinião contrária à compra, veementemente. Utiliza a necessidade de investimentos em saúde e a possível volta da CPMF como sólido argumento para a desistência da possível compra.

Até aí nada de novo no front, já que o oportunismo servil ao status quo e ao baronato permeiam a atividade jornalística no mundo sirotiskiano, dos dois lados do Mampituba. Mas não bastando a frouxa raiz da argumentação, a colunista apela para a cereja do bolo argumentativa, a perninha do R do elaborado artigo, este digno apenas de ser colocado sobre o piso, a fim de coletar as necessidades caninas do mascote do assinante do diário ZH. Rosane crê que não é necessário um avião potente nem tecnologicamente avançado “para um presidente de qualquer país latino-americano”. Não fica nem vermelha ao descarregar este adubo vassalo para florear o sentimento menor, de segunda linha, de sub-cidadão, como se, parada no século XX, o Brasil fosse um país coadjuvante no cenário mundial. Afinal, para que um país latino-americano necessita de tamanho alcance se as decisões devem ser tomadas pelos iluminados? O que o latino, que com certeza possui menos neorônios e menor Q.I. do que os bem nascidos do resto do mundo (menos África, claro), pode desejar além de uma boa relação com os EUA, fiador do planeta?

Aviões potentes, alta tecnologia, conforto e eficiência não são para os latinos. Povo de segunda classe, terceiro-mundista, que não está sabendo o seu lugar. O que for bom, positivo, evolutivo, não deve servir aos latino-americanos.

Devem ter tido a mesma ideia também com alguns colunistas de jornal, mandando pra cá essas pérolas.

Por trás das notícias, viralatismo vassalo oportunista.