quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Os portais da transparência, as cascas de bananas e os transformistas


Os portais de transparência, como se não bastasse serem encontrados em uma das sete portas ao final de um labirinto, são corredores com luminosidade ora fraca, obscura, em que força a vista do viajante, ora incandescente em demasia, ofuscando a visão e, em um caso ou outro, obstruindo o objetivo da viajem, a análise dos números e das ações da observada.  Além disso, este corredor ora obscuro, ora cegamente claro, tem o assoalho liso e repleto de cascas de bananas, em que o viajante vai escorregando conforme vai seguindo em sua via sacra.
            O conteúdo encontrado pelo viajante é como transformistas, em que a pesada maquiagem esconde o rosto e suas linhas, a roupa modela um corpo diferente do que se vê, o salto dos sapatos muda a altura conforme o gosto do transformista e a peruca substitui os cabelos naturais, ou até a ausência dos mesmos, por madeixas reluzentes e de qualquer tonalidade desejada, com corte de sua preferência e com possibilidade de escolha se liso ou crespo ou ondulado ou o que a moda permitir. Lembra um transformista também porque não se vê que escondido, imperceptível e até amarrado, está um baita de um caralho, constrangedor ao transformista, preocupado em escondê-lo bem direitinho, pois ao contrário revelaria ao observador seu maior segredo.
            Contudo, o portal, ao contrário do transformista, não tem o direito nem a liberdade de ser o que bem entender. O portal não é um ser pensante, que usufrui sua liberdade, imaginação ou até força da natureza para ser o que lhe vier à mente. O portal é um prisioneiro, um mero reprodutor de números e fatos, trancafiado à dura e penosa realidade, por mais crua e pouco lúdica que seja. O portal tem por dever retratar, não pura e simplesmente alguns números soltos para que alguns contabilistas percebam o quão bem manipulada é aquela peça. O portal deve servir aos leigos. Até porque o termo transparência não deixa margem a interpretações. Transparência todos percebem. Transparência não exige pré-requisito. Transparência não tem casca de banana no chão. E nem caralho amarrado debaixo da saia.

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