terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tamofú



A gripe A (H1N1), vulga gripe suína, é sensação jornalística onde passa. Suposições de contágios, prevenções, alimentações preventivas e, claro, medicamentos, fazem parte das conversas entre vizinhos, nos botequins e nas famílias brasileiras. Coma cenoura, “afaste-se dos porquinhos” (como recomendou o governador de São Paulo, José Serra (PSDB)), use a máscara, não cumprimente as pessoas, não coloque a mão na boca, etc. Mas o pulo do gato está no mais novo bastião da cura, da famigerada indústria farmacêutica. Mal a plebe ignara contagia-se com o ligeirinho e astuto vírus, a expert indústria farmacêutica possui o elixir da cura do mal suíno. O mais novo famoso medicamento é o Tamiflu. Utilizado para casos de Influenza A, o medicamento está na mídia, nos telejornais e na cabeça do povão. Porém, não está a venda. O laboratório responsável fez a venda junto ao governo, que proverá o medicamento quando necessário. Isto até surgir o mercado paralelo de Tamiflu, o que, se até o momento da postagem já não existe, não demorará em acontecer. Ou até mesmo o comércio legal do Tamiflu, dando um viva ao livre mercado, por que não?
Mas o que não é novidade, é uma doença da moda assombrando o planeta, mortes em vários continentes e um único remédio salvador de um único laboratório fazendo refém governos e população. Este problema (não o vírus, a indústria farmacêutica) resulta em uma máfia da produção privada de saúde, da clientelização da saúde e da própria “fabricação de doenças” para uma posterior cura de um remédio salvador.
O caso da Influenza A é o genuíno caso de, ou o governo paga os milhões à empresa que fabrica os remédios e distribui à população nos casos necessários, ou mantém a estrutura privatizada da saúde e elitiza a cura, provocando inclusive mais e mais casos de automedicação, fruto desta privatização, fruto do tratamento da saúde enquanto mercadoria, fruto das propagandas de remédios na televisão, como se fossem refrigerantes, um absurdo.
Por trás das notícias, tamofú.

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